Moçambique: Polícia desmente incidente com edil de Quelimane
4 de novembro de 2021Manuel de Araújo, edil de Quelimane, circulava de bicicleta na tarde de quarta-feira, (03.11), pelas ruas da cidade na companhia de diplomatas do Canadá, Suécia e Finlândia. A passeata foi interrompida pelos agentes de lei e ordem que exigiram a apresentação de uma autorização legal para aquilo que alegaram ser uma manifestação.
A reação indignada nas redes sociais levou à convocação esta quinta-feira de duas conferências de imprensa. A primeira foi pelo partido da oposição, RENAMO, onde o delegado distrital, Latifo Charifo, deplorou a atitude da polícia e afirmou não compreender porque persiste este tipo de situações em Quelimane.
"A nossa pergunta é: o que é que está a acontecer com a nossa polícia? O secretário de Estado da Juventude e Desporto, Gilberto Mendes, fez uma passeata em Maputo com mais de 50 ciclistas e a polícia simplesmente aplaudiu. No dia 1, Dia da Juventude Africana, também houve uma passeata da OJM em Milange com mais de 50 motorizadas. A policia assistiu e aplaudiu. Porque é que aqui na cidade de Quelimane tem de acontecer isso?", indagou.
Ordem e tranquilidade pública
A segunda conferência de imprensa foi convocada pelo comando provincial da Policia da República de Moçambique (PRM) na Zambézia. O chefe das relações públicas, Miguel Caetano, desmentiu as acusações levantadas contra os agentes da ordem.
"De acordo com as redes sociais e as informações que estão a ser veiculadas, a policia tentou impedir esta atividade. A policia não impediu que o acontecimento tivesse lugar. Razão pela qual, por volta das 17 horas, a passeata decorreu com o devido acompanhamento da polícia. O principal objetivo da PRM é manter a ordem e a tranquilidade pública como é sabido. Em atividades que envolvem aglomerados de pessoas é necessário que haja uma comunicação às autoridades policiais", justifica.
"Atitude lamentável"
Já o analista Ricardo Raboco, ouvido pela DW África, critica o ocorrido. "É uma atitude lamentável", disse acrescentando: "Estamos a falar de corpo diplomático e da autoridade legalmente eleita", não se tendo tratado de uma manifestação política. "E quando se avalia a questão que o policia terá feito quando diz de quem seria a responsabilidade caso acontecesse algo a aqueles cidadãos estrangeiros, eu penso que esta questão é problemática", advertiu Raboco.
Nos últimos dois anos têm ocorrido situações semelhantes na Cidade de Quelimane, onde a policia tem abortado algumas marchas pacíficas.
Ainda em Quelimane, um grupo de estudante agendou para este sábado (6/11) uma marcha para reivindicar a devolução de dinheiro pago a uma instituição de ensino técnico-profissional, que funcionava ilegalmente há mais de dois anos. Os estudantes disseram que estão apreensivos, por recearem a atuação da polícia na manifestação.