Moçambique reforça vigilância após convocação de protestos
13 de julho de 2022"A Polícia da República de Moçambique está em alerta e em prontidão operacional, tendo reforçado a vigilância e patrulhamento ostensivo em todo território nacional, com maior incidência nos centros urbanos, principais vias e terminais rodoviários", disse esta quarta-feira (13.07) o porta-voz do comando-geral da PRM, Orlando Modumane, em conferência de imprensa em Maputo.
Em causa está a circulação de mensagens anónimas nas redes sociais convocando uma manifestação em todo país para quinta-feira (14.07), em contestação ao elevado custo de vida em Moçambique.
O porta-voz do comando-geral da PRM refere que as autoridades não identificaram a autoria das mensagens, considerando que este facto pode provocar "atos de violência, vandalismo e desordem publica generalizada.
"A PRM continuará a exercer a devida autoridade, tomando, sempre que necessário, todas as medidas de polícia coercitivas, proporcionais e legalmente justificáveis, em todo o território nacional", frisou Orlando Modumane.
De acordo com as autoridades, as mensagens, que começaram a circular no início da semana, estão a gerar alguma tensão entre os populares na capital moçambicana, com algumas instituições, entre creches e organizações não-governamentais (ONG), a cancelarem atividades com receio da alegada manifestação.
Convocação de greve geral
Entetanto, o grupo de cidadãos Agastados e Desesperados com a Crise no País (ADCP) publicou na terça-feira (12.07) um comunicado a convocar os profissionais dos setores do transporte, comércio e de outras atividades a uma greve geral em todas as cidades moçambicanas.
O protesto inclui uma marcha de cidadãos e deve-se à subida do IVA, bem como ao aumento dos preços dos combustíveis, dos "chapa 100" e do pão. Corrupção e má governação também estão na base da manifestação, segundo nota publicada pelos organizadores, segundo o documento ao qual a DW teve acesso.
"Sabemos muito bem que temos que enfrentar os nossos irmãos mal usados da 'PRM', mas enfim, estaremos nas ruas", escrevem os ADCP.
Noutro comunicado emitido hoje, a Organização dos Trabalhadores de Moçambique, que ameaçou recentemente promover uma manifestação em todo país em protesto contra o elevado custo de vida, apelou à calma face as mensagens em circulação, pedindo que a massa laboral moçambicana não se envolva em situações de violência e que siga orientações da central sindical.
Em 2008 e 2010, o aumento do preço de transporte rodoviário, acompanhado do agravamento do custo dos bens e serviços essenciais, gerou revoltas populares nalgumas das principais cidades do país, resultando em confrontos com a polícia e destruição em alguns locais.