Moçambique prepara campanha contra a cólera
2 de abril de 2019O Ministério de Saúde de Moçambique pretende formar dentro de duas semanas cerca 884 mil agentes da saúde que vão administrar no terreno vacinas contra a cólera, após a passagem do ciclone Idai, na cidade de Beira e nos distritos de Dondo, Nhamatanda e Buzi.
A sessão de formação começou nesta segunda-feira (01.04), mesmo dia em que chegaram ao centro do país as doses de vacina que serão utilizadas na campanha.
A campanha de vacinação contra a cólera no centro de Moçambique é promovida junto com a Organização Mundial da Saúde (OMS), UNICEF e Médicos Sem Fronteiras. A meta, de acordo com o diretor-geral do Instituto de Saúde de Moçambique, Ilesch Jani, é abranger cerca de 884 mil pessoas nas próximas duas semanas.
"Vamos vacinar pessoas com mais de um ano de idade que residem nas zonas afetadas. É uma vacina de administração oral e é dada numa única dose", explica Jani.
Por enquanto, o tratamento de doenças diarreicas e cólera decorre num hospital móvel da Cruz Vermelha e em quatro centros de tratamento de cólera instalados nos centros de saúde de Macurungo, Munhava, Macuti e Manga.
Sensibilização
O Ministério da Saúde garante que há capacidade de resposta face à esta epidemia, que já fez uma vítima fatal no último fim de semana. O diretor nacional de Assistência Médica de Moçambique, Ussene Isse, anunciou que, paralelamente, haverá campanhas de sensibilização sobre medidas de prevenção e combate à cólera e a descentralização:
"A nossa equipa está no terreno ainda a fazer a monitorizar diária. Esta é a nossa forma de trabalhar, continuar a monitorar esta situação na província e também reforçar a nossa capacidade como setor de resposta rápida e eficiente para reduzir o número de mortes".
Por seu turno, a diretora da Organização Mundial de Saúde para África (OMS) afirmou que se está a "posicionar" para ajudar o governo moçambicano a prevenir os surtos de doenças na Beira e evitar um colapso do sistema de saúde.
"Estamos a posicionar-nos para ajudar o governo [moçambicano] e os parceiros para isso. Temos de nos lembrar que, muitas vezes, os impactos em termos de doenças se devem mais ao colapso do sistema de saúde do que ao impacto direto da própria catástrofe", declarou Matshidiso Moet, após visitar o Centro de Controlo da Cólera instalado no complexo sanitário do bairro de Mucurungo, na Beira.
40 milhões de dólares no combate à cólera
Ussene anunciou também que cerca de 90% dos casos de cólera detetados depois do ciclone Idai no centro de Moçambique foram tratados com sucesso. A diretora regional da OMS, anunciou também um pacote financeiro de cerca de 40 milhões de dólares para os próximos três meses.
Segundo o último balanço epidemiológico apresentado esta segunda-feira, foram detetados até ao momento 1.046 casos, dos quais 949 foram tratados, 102 continuam internados, havendo a registar um óbito.