Processo de DDR divide Embaixador da UE e a RENAMO
4 de setembro de 2021Em Moçambique, o processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) dos ex-guerrilheiros da Resistencia Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição está a decorrer "muito bem”, garante o embaixador da União Europa (EU) no país, António Sánchez-Benedito Gaspar.
O diplomata que falava na última sexta-feira (03.09) na cidade de Nampula, assegurou que os desmobilizados da RENAMO, no âmbito do DDR estão a receber os seus subsídios com os recursos disponíveis.
"O mais importante, para além do DDR e os subsídios, é criar condições do futuro e oportunidades de emprego e de atividades geradoras de rendas, não só para os antigos guerrilheiros da RENAMO, para o desenvolvimento conjunto daquelas comunidades, porque são regiões afetadas pela pobreza”, indicou António Sánchez-Benedito Gaspar, para quem a União Europeia está a trabalhar na reconciliação no país, e para a criação de estabilidade a longo prazo.
Entretanto, o Secretário-geral da RENAMO, André Magibire, desmente as declarações de António Sánchez-Benedito Gaspar sobre os pagamentos dos subsídios e diz que existe mais de 1000 combatentes abrangidos pelo DDR que não estão a receber. Apesar de reconhecer que há uma parte do grupo dos desmobilizados que está a receber.
Magibire lamenta que o Governo continua "surdo e mudo” nas reivindicações dos antigos militares da "perdiz”. Mas, mesmo assim, diz Magibire que "estamos satisfeitos com o decurso do DDR”.
Neste momento, já desmobilizamos pouco mais da metade dos cerca de cinco mil guerrilheiros da RENAMO, nas províncias de Inhambane, Sofala, Manica e Tete, sendo que segundo André Magibire faltam os que estão "nas bases da Zambézia, Nampula, Niassa e Cabo Delgado”.
Do nosso lado, nós estamos a cumprir e não temos problemas em cumprir os acordos, tanto é que desde 1992 até já mostramos que estamos a cumprir”, disse.
"História de sucesso”
O representante da União Europeia avalia o processo de pacificação de Moçambique como sendo uma "história de sucesso”, porque segundo explica "depois de muitos anos de conflitos, finalmente, as duas partes – o Governo e a RENAMO chegaram a um acordo definitivo, um acordo que está a ser implementado e respeitado” disse António Sánchez-Benedito Gaspar.
No último acordo de paz definitiva assinado por Filipe Nyusi – Presidente de Mocambique e Ossufo Momade – líder da RENAMO, a 06 e agosto de 2019, a UE comprometeu-se a acompanhar o processo, e "estamos a cumprir aquilo que foi prometido”, garante Sánchez-Benedito Gaspar.
Por outro, o diplomata europeu mostrou-se preocupado pela insistência na recusa de Mariano Nhongo, o líder da autoproclamada Junta Militar da RENAMO, de aderir ao processo de DDR, e encoraja a o fazer.