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Moçambique: Direito do recluso ao voto

Leonel Matias (Maputo)
10 de julho de 2019

Provedor de Justiça, Isac Chande, acolheu positivamente um pedido de 15 organizações da sociedade civil moçambicana que defende o direito do recluso ao voto.

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Zwischenwahl in Nampula, Mosambik
Foto de arquivo: Eleições em Nampula-Moçambique Foto: DW/S. Lutxeque

O Provedor de Justiça, Isac Chande, recomendou ao Presidente da Comissão Nacional de Eleições e ao Diretor Geral do Serviço Nacional Penitenciário para tomarem todas as providências necessárias com vista a reparar a ilegalidade, que resulta da exclusão do direito do recluso ao voto.

Isac Chande recomenda ainda que sejam desencadeados mecanismos legais junto do governo e das demais autoridades, com vista a contemplar os reclusos nos processos de votação.

O Provedor de Justiça reagia a um pedido apresentado por 15 organizações da sociedade civil, lideradas pela REFORMAR.

Tina Lorizzo, é a Diretora desta organização que trabalha nas áreas de pesquisa académica, formação e advocacia em direitos humanos ligado à justiça criminal.

"Claramente acolhemos positivamente. Acho que é um ganho importante."

20 mil reclusos não vão votarSegundo as 15 organizações da sociedade civil signatárias da carta "A Constituição Moçambicana estabelece que nenhuma pena implica a perda de quaisquer direitos civis, profissionais ou políticos." Mas "os cerca de 20 mil reclusos de todo o país não vão votar na prática."

Mosambik Hauptstadt Maputo mit Blick auf den Hafen
Trecho da cidade e MaputoFoto: picture-alliance/L. Trankovits

Sabe-se que milhares de reclusos encontram-se detidos ilegalmente depois de terem ultrapassado os prazos de prisão preventiva.

A Diretora da REFORMAR, Tina Lorizzo, disse a DW África que à luz do quadro jurídico nacional e internacional todo o cidadão tem direito a voto.

"Seja a Declaração Universal dos Direitos do Homem, o Pacto Internacional Sobre os Direitos Cívicos e Políticos, mas também as regras de Mandela, que são mais específicas sobre o tratamento dos reclusos indicam que a área prisional, penitenciária, deve limitar o máximo possível a distância entre a vida dentro da cadeia e na sociedade. Depois a nível doméstico fomos vendo como o novo pacote eleitoral tinha eliminado a limitação pela qual eram exclusos até 2014 os condenados."

Medida só no próximos pleitos

Provedor de Justiça Moçambique: Exclusão do recluso do direito ao voto é ilegal

A sociedade civil queria que os reclusos começassem a votar a partir das eleições gerais e provinciais agendadas para 15 de outubro próximo, mas o Provedor de Justiça recomenda a aplicação da medida nos próximos pleitos, afirmando que já não é possível este ano.

O processo eleitoral está em curso e foi realizado o recenseamento, condição para um cidadão votar.

Para a Diretora da REFORMAR "claramente entendemos que para isso acontecer é preciso serem tomadas as medidas necessárias para que isso na verdade aconteça."

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