Moçambique: Recenseamento arranca com oposição atenta
20 de abril de 2023Na Zambézia, o recenseamento para as eleições de outubro próximo vai decorrer nas sete vilas autárquicas, nomeadamente, Alto Molocue, Gurue, Milange, Maganja da Costa, Mocuba, Morrumbala e Quelimane, a capital da província. Deverão recenseados mais de 1 milhão de eleitores previstos.
Os partidos políticos dizem que desta vez estão mais atentos, devido a rumores de eventuais tentativas de fraude pelo partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
"Geralmente nas eleições autárquicas no ato de recenseamento, o nosso adversário principal é a FRELIMO, que prepara toda a manobra para ser concretizada nas eleições. Estamos a afinar a nossa máquina de fiscais e delegados de candidaturas para o outro lado do processo de recenseamento", afirma José Lobo, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
"Estamos preocupados, há uma onda que anda a pairar no seio dos eleitores, fundamentalmente em Alto Molocué, segundo a qual o partido no poder vai recensear e atribuir 10 cartões de eleitores para cada eleitor, não sei se é verdade mas estamos atentos a estas manobras", garante.
A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) também já está a postos, diz Sebastião da Costa, o diretor do gabinete eleitoral na Zambézia do maior partido da oposição moçambicana.
"A expectativa da RENAMO é de ver que todo cidadão maior de 18 anos seja recenseado. Estamos a fazer tudo por tudo para sensibilizar as pessoas, quanto mais sedo for melhor, convido a todos para aderirem o processo."
Tudos a postos
O Secretariado da Administração Eleitoral (STAE) da Zambézia diz que não há nada a apontar. Tudo está preparado e pronto para o arranque do recenseamentoem 533 postos que serão cobertos por 416 brigadas, segundo o porta-voz Abdul Rajabo.
"Todo o material do recenseamento eleitoral encontra-se nos distritos. Temos todas as condições criadas para o arranque do recenseamento eleitoral", assegura. "Temos como universo eleitoral um milhão quatrocentos e vinte e nove mil oitocentos e setenta e três cidadãos eleitores nas sedes das autarquias."
Celso Malua, membro do partido FRELIMO, o partido no poder, reconhece os "problemas imensuráveis" enfrentados pela população nos últimos anos, mas incentiva ao recenseamento eleitoral em massa.
"Recenseiem-se para exercer o vosso direito de cidadania em outubro próximo, ninguém pode ficar em casa. Há muitas dificuldades, não lamentem, as nossas lamentações devem terminar com a votação", apela.