Total volta quando situação do terrorismo estiver "calma"
18 de maio de 2021O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou na manhã desta terça-feira (18.05) que "a Total pode exigir que haja tranquilidade e haja paz para desenvolver os seus projetos económicos. [...] Tem ajudado em termos de responsabilidade social, com hospitais e escolas, ajudaram na distribuição de água à população" e assegurou que "a [A Total volta] Quando estiver calmo".
Filipe Nyusi participa hoje na Cimeira Sobre o Futuro das Economias Africanas, organizada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, que decorre na capital francesa e junta mais de 20 líderes africanos e europeus.
O Presidente moçambicano chegou a Paris na segunda-feira, aproveitando para se encontrar na manhã de segunda-feira com a Total, mas também com outros gigantes como Air France ou o banco Société Generale, que tem uma operação em Moçambique.
A Total suspendeu recentemente um investimento de 20 mil milhões de euros no país devido à insegurança na província de Cabo Delgado, palco de ataques desde há três anos.
"A Total é uma empresa privada, não é militarizada"
O estadista moçambicano lembrou que "a Total é uma empresa privada, não é militarizada nem tem uma força para combater. A obrigação de defender os interesses económicos são dos países, neste caso concreto todos temos o interesse em estabilizar e a defesa do estado".
No encontro de segunda-feira, o presidente do Conselho de Administração da Total, Patrick Pouyanné, disse que a empresa tinha vivido uma situação "dramática".
"Claro que enfrentámos em Cabo Delgado, em Palma, uma situação dramática, recentemente, então tivemos de tomar decisões", nomeadamente "não manter pessoal em Afungi" (local de construção do projeto), disse, acrescentando que a empresa tem "plenamente" confiança no Governo moçambicano para apaziguar a região.
"Assim que Cabo Delgado volte a ter paz, a Total voltará", garantiu o CEO da petrolífera francesa.
Palma e a retirada provisória da retirada da Total
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.
O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.
As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.