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Moçambique: Três mil desmobilizados da RENAMO sem pensões

Bernardo Jequete (Chimoio)
15 de março de 2022

O processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens da RENAMO está estagnado, segundo o secretário-geral do maior partido da oposição. André Madjibire denuncia as más condições dos desmobilizados.

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Guerrilheiros da RENAMO desmobilizados em Inhambane (foto ilustrativa)Foto: Luciano da Conceição/DW

A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição em Moçambique, volta a apelar ao Governo para fixar as pensões dos homens já desmobilizados e posteriormente retomar o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), que visa abranger 5.222 combatentes.

Neste momento, segundo o secretário-geral da RENAMO, André Madjibire, os desmobilizados estão a viver em péssimas condições juntamente com as suas famílias e sem quase nada para comer.

Mosambik RENAMO Andre Madjibire
André Madjibire, secretário-geral da RENAMOFoto: DW/M. Mueia

"Esses todos que foram desmobilizados até aqui, as suas pensões ainda não foram fixadas. Continuam a viver em condições extremamente difíceis", revela. 

Madjibire diz que há contactos com o Governo para flexibilizar a fixação das pensões desses combatentes.

"Nós, RENAMO, estamos prontos para retomar o processo de DDR. Mas é preciso que o Governo nos garanta a fixação de pensão."

"Impedidos de exercer atividades políticas"

André Madjibire também acusa alguns administradores distritais das províncias centrais de Manica e Sofala de não deixarem os membros do seu partido realizar atividades políticas.

"Em muitos distritos, os nossos membros continuam a ser proibidos de içar as suas bandeiras nas delegações políticas distritais", conta.

"Vou dar um exemplo que aconteceu aqui no distrito de Chemba [Sofala]: em quase todos os povoados, os régulos foram instruídos pelo administrador do distrito para andarem a vandalizar as nossas bandeiras e sedes, alegadamente porque não querem a RENAMO. Mas aquele é um distrito em que todos nós temos direito de exercer as atividades políticas", contesta.

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Membros da RENAMO com a bandeira do partido durante a campanha eleitoral de 2019, SofalaFoto: DW/Arcénio Sebastião

"Talvez essa 'boca' seja emoção"

Contactado pela DW África, o o administrador distrital de Chemba, Paulo Quembo, ficou surpreendido com a alegação. Garante que no seu distrito não há perseguição política, mas harmonia e convivência entre os partidos. Por isso, não vê a razão da acusação da RENAMO.

"Primeiro, não é verdade. Sou administrador do distrito de Chemba, tenho recebido o delegado distrital dele quando tem preocupações, tenho recebido os desmobilizados no âmbito do DDR e tenho reunido com eles. Recebi aqui no distrito a delegada provincial da RENAMO para discutirmos assuntos políticos e mais. Agora, talvez essa 'boca' seja emoção", argumenta. 

"Como administrador, em nenhum momento tive uma clivagem com os partidos políticos. Os próprios partidos podem testemunhar [isso] ao nível do distrito", esclareceu Paulo Quembo.

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