Moçambique em estado de emergência por causa da seca
19 de agosto de 2016Moçambique está sofrendo a pior seca dos últimos 35 anos por causa do fenómeno El Niño, que aumenta a tempetura do mar do Pacífico e altera o regime de chuvas em várias regiões do planeta. Milhares de famílias em diversas províncias do país enfrentam a escassez de água e alimentos. Por isso, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em conjunto com o Governo moçambicano e outras instituições, está agindo de forma emergencial para atender os afetados pela seca.
De acordo com o especialista de Emergência e Redução de Riscos de Desastres da UNICEF em Moçambique, Tito Bonde, as ações de resposta à seca em Moçambique estão focadas em três pontos principais: nutrição, acesso a água e saneamento.
“Temos o abastecimento de água a partir de camiões cisternas na província de Maputo e no distrito de Magude. E temos também em curso algumas atividades que se centram na abertura de furos multifuncionais, que são aqueles que fornecem água para o consumo humano e para o abeberamento do gado e consumo animal”, explica Bonde.
As ações de absatecimento de água e saneamento serão acompanhadas de atividades de conscientização, acrescenta o especialista: “Essas ações também são acompanhadas por atividades de higiene e formação, e atividades que visam a educação da população para um consumo mais racionalizado no contexto em que há escassez de água”.
O plano emergencial inclui a segurança alimentar das famílias, visto que boa parte da população está sem alimentos devido a seca.
“Na área de nutrição, nós trabalhamos com o Ministério da Saúde, e fazemos a identificação de casos de desnutrição crónica severa ou má nutrição crónica severa em crianças, e também trabalhamos para a identificação de casos de má nutrição em mulheres grávidas e a amamentar”, ressalta Tito Bonde.
Ações emergenciais para milhares de pessoas
A seca provocada pelo fenómeno El Niño afeta milhares de pessoas por causa da escassez de chuvas, redução do nível dos rios e, consequentemente, a morte de animais e problemas na produção de alimentos por meio da agricultura. O especialista da UNICEF diz que as ações devem atender um público alvo.
Segundo Bonde, para as intervenções de água e saneamento, o grupo alvo é cerca de 120 mil pessoas, que também terão acesso a um pacote de promoção de higiene na comunidade.
“Quanto a questão da nutrição”, afirma, “estamos a falar de cerca de 27 mil crianças de má nutrição aguda severa, e cerca de 150 mil mulheres grávidas e a amamentarem. Estes são os alvos a serem priorizados no âmbito da resposta à seca”.
Províncias mais afetadas pela seca
As crianças em estado de má nutrição, de acordo com a UNICEF, serão atendidas por meio de tratamento com alimentos especiais, distribuídos nas zonas mais afetas pela seca.
“No âmbito das interveções da nutrição, estamos a trabalhar nas seis províncias mais afetadas pela seca. Seria na província de Maputo, Gaza, Inhambane, Tete, Manica e Zambézia. Portanto, nós temos atividades de nutrição a partir das brigadas móveis e com os centro de saúde”, assegura.
Para amenizar os efeitos da seca, a UNICEF, de acordo com Tito Bonde, está disponibilizando diaramente entre 7 a 10 litros de água por pessoa nas províncias mais prejudicadas pela escassez do líquido. Segundo o especialista, estas são quantidades mínimas estabelecidas por padrões internacionais utilizados pela ONU em situações de emergência.
“Com relação às interveções do setor de água e saneamento”, esclarece Bonde, “nós temos neste momento intervenções na provincía de Maputo, e estamos num estágio avançado de interveções também na província de Tete. Na província de Tete, estamos a trabalhar concretamente para a abertura de furos de água multifuncionais, e pequenos sistemas e abastecimento de água a partir de camiões cisternas na província de Maputo”.