Moçambique é exemplo no combate à SIDA
21 de novembro de 2012O relatório, publicado na terça-feira, 20 de novembro, admite, no entanto, que, apesar das melhorias, há ainda muitos desafios, principalmente em África.
O relatório da agência das Nações Unidas para a SIDA revela progressos importantes alcançados no combate à epidemia que levam os responsáveis a acreditar num futuro travão à propagação da doença.
Pelo menos dois milhões e meio de pessoas contraíram o vírus em 2011, números que confirmam a tendência decrescente das novas infeções que, numa década, caíram 20 por cento. Um facto confirmado pela diretora do departamento de Direitos, Gênero e Mobilização da Comunidade da ONUSIDA, Mariângela Simão, que, em conversa com a DW África, destacou a redução das taxas de transmissão do vírus em 25 países, 13 dos quais, em África: “Nos países com uma resposta mais agressiva, já se observa a redução no número de casos novos”.
Progresso no combate também em África
Simão realça que a resposta adequada e os investimentos no “lugar certo” permitem que se inverta o rumo da epidemia. Para os sucessos já registados, explica a responsável, contribuiu a expansão do tratamento da doença a nível mundial, com destaque, também, para o caso africano “Muito importante foi esse aumento de cobertura do tratamento da doença de 63 por cento em dois anos, sobretudo na África subsaariana.
Uma vantagem é a conscientização das populações, que se aperceberam de que esta doença tem tratamento. O que acaba por se repercutir também na contenção da propagação, explicou a especialista à DW África.
Uma lição de Moçambique para o mundo
Quanto aos países africanos de língua portuguesa, Moçambique e Angola continuam a ser apontados como países onde a ONU “não pode baixar a guarda” apesar dos resultados positivos. Em ambos os casos, de acordo com as Nações Unidas, é necessário apostar mais na prevenção. Ainda assim, de acordo com Mariângela Simão, Moçambique tem algo de positivo para ensinar ao mundo: “Neste país há algumas iniciativas com uma ênfase no envolvimento da comunidade no acompanhamento do tratamento”. Estas iniciativas mostraram que ao final de dois anos 98% dos pacientes continuavam em tratamento, salienta Simão, que remata: “Isso é uma lição para o mundo”.
Guiné-Bissau entre os piores
Em sentido oposto surge a Guiné-Bissau, juntamente com países como o Bangladesh, Geórgia ou Indonésia, que viram aumentar o número de novas infeções em 25 por cento. Para contrariar esta tendência e aproximar-se do “fim da SIDA”, diz a diretora da ONU, o mundo tem de continuar a apostar numa solução combinada: “Como o tratamento provou que também tem um efeito positivo na prevenção, nós partimos de um conjunto de fatores que fazem parte daquilo que nós chamamos a “prevenção combinada”. O tratamento é um desses fatores” diz Simão e explica quais são os outros que podem estar a ajudar a diminuir o número de infeções: “O uso de preservativos e a postergação da iniciação sexual”.
África subsaariana ainda é a região mais afetada no mundo
No ano passado viviam, em todo o mundo, 34 milhões de pessoas infetadas com o HIV, mais de 23 milhões dos quais na África subsaariana. O relatório da agência das Nações Unidas, que foi divulgado esta terça-feira em Genebra em antecipação do Dia Mundial da SIDA, que se assinala a 1 de dezembro, mostra que a África subsaariana se mantém como a região mais afetada em todo o mundo com um em cada 20 adultos infetados com o HIV.
Autor: Maria João Pinto
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha