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Mpox: Surto seria desafio para sistema de saúde pressionado

Lusa
7 de setembro de 2024

O diretor do Observatório do Cidadão para Saúde defende que um surto de mpox em Moçambique seria um desafio para um sistema de saúde já pressionado, defendendo o reforço de campanhas para preparar as comunidades.

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Mpox
Desde o novo surto da doença, Moçambique testou, pelo menos, 36 amostras suspeitas e todas foram negativasFoto: WHO/Aton Chile/IMAGO

"Um eventual surto de mpox seria, sem dúvidas, um grande desafio para o nosso sistema de saúde. Neste momento, Moçambique [que não tem qualquer caso positivo] deve colocar todos os meios à disposição. É importante também treinar o nosso pessoal de saúde para que seja capaz de gerir eventuais casos”, defende Jorge Matine, diretor do Observatório do Cidadão para Saúde.

O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrentou, nos últimos anos, diversos momentos de pressão, provocados por greves de funcionários que alertam para a falta de material médico e uma situação de trabalho “caótica” nas unidades de saúde, além de reclamarem de cortes salariais com a introdução da nova Tabela Salarial Única (TSU).

Para o diretor da Organização Não-Governamental (ONG) Observatório do Cidadão para Saúde, face ao risco de eclosão de um surto de mpox, a prioridade das autoridades moçambicanas devia ser, além do reforço da capacidade institucional, apostar em campanhas para informar as comunidades, que atualmente quase nada sabem sobre a doença que já atingiu mais de dez países africanos.

“O mais importante agora é dar às pessoas a educação necessária para que consigam até identificar os sintomas da doença (…), temos de reduzir os obstáculos criados por mitos e boatos. Tivemos casos desses durante a pandemia [de covid-19] em que houve muitos mitos e boatos, que não permitiram que a resposta, de ponto de vista de saúde, fosse a das melhores”, frisou o especialista em saúde pública.

Exposição fronteiriça deve ser tida em conta

A exposição fronteiriça do país, sobretudo com a potência regional que já tem casos confirmados (África do Sul), é um dos desafios que as autoridades de saúde moçambicanas devem ter em conta, prosseguiu.

Desde o novo surto da doença, Moçambique testou, pelo menos, 36 amostras suspeitas e todas foram negativas, tendo o país aprovado um plano de resposta que inclui o fortalecimento da vigilância e da capacidade laboratorial, bem como prontidão clínica e capacidade de gestão de casos, avançou o diretor do Instituto Nacional de Saúde (INS), Eduardo Samo Gudo.

“Através dos seus parceiros nacionais, regionais e globais, Moçambique está a fazer diligências para que tenha, quando disponível, um 'stok' de vacinas. No entanto, neste momento, por Moçambique não ter casos positivos, não é elegível (…). Apenas os países que têm casos reportados são elegíveis para vacinação”, declarou Eduardo Samo Gudo, na quarta-feira, à margem da 7.ª sessão ordinária do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) em Maputo, onde se debateu, entre outros aspetos, estratégias face à propagação do mpox no continente.

A monkeypox (mpox) é uma doença viral que se propaga dos animais para os seres humanos, mas que também pode ser transmitida entre seres humanos através do contacto físico, provocando febre, dores musculares e lesões cutâneas.

Até finais de agosto, mais de 22.800 casos tinham sido registados desde janeiro em 13 países africanos, incluindo a África do Sul, país vizinho de Moçambique, segundo a União Africana.

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