Médicos em Moçambique iniciam greve de três semanas
10 de julho de 2023Durante a greve serão garantidos os serviços mínimos, nomeadamente nas urgências, que serão prestados por médicos estrangeiros, outros que são militares "e, querendo, médicos que ocupam cargos de direção e chefia", explicou Henriques Viola, secretário-geral da Associação Médica de Moçambique (AMM), em entrevista à STV, parceira da DW.
Em comunicado agora divulgado, o Ministério da Saúde de Moçambique (Misau) reconhece os desafios que o setor enfrenta e diz que tem tido diálogos permanentes com os médicos e profissionais da saúde para encontrar soluções.
O Misau apela, por isso, aos médicos para que continuem no caminho do diálogo e suspendam a greve convocada para as próximas três semanas.
"Falta de transparência"
A AMM justifica a decisão do regresso à greve, após a suspensão de uma outra convocada em dezembro, com a ausência de resultados nos entendimentos alcançados com o Governo nas negociações realizadas no final do ano passado.
A classe médica moçambicana tinha já anunciado o seu descontentamento em novembro do ano passado, quando adiaram uma primeira greve, após encontros com os ministros da Economia e da Saúde, para "dar tempo ao Governo" de "implementar os princípios acordados".
A AMM aponta a "mudança constante de interlocutores por parte do Governo" e a falta de transparência sobre a "forma como os salários dos médicos estão a ser ou não processados" como alguns dos pontos que determinaram o fracasso das negociações até esta altura.
A implementação da nova tabela salarial na função pública está a ser alvo de forte contestação por parte de várias classes profissionais, com destaque para os médicos, juízes e professores.