Médicos moçambicanos exigem melhores condições de trabalho
7 de abril de 2016Os médicos esperam há anos que o Governo moçambicano lhes dê o que pedem: aumentos salariais, uma redução da carga horária e a atribuição de residências. São reivindicações que já faziam em 2013.
Os profissionais de saúde convocaram nesse ano duas greves. E, mais tarde, o Parlamento moçambicano aprovou o Estatuto do Médico, que estava a ser debatido há 17 anos. Na altura, a Associação Médica de Moçambique considerou que o documento não satisfazia completamente as exigências da classe.
Agora, três anos depois, os médicos alegam que o Estatuto não está a ser respeitado. Segundo o delegado da Ordem dos Médicos de Sofala, Dário Alberto Fernandes, há exigências que continuam por cumprir: por exemplo, a atribuição de casas ou subsídios a médicos recém-contratados e que foram transferidos de outras zonas do país.
Além disso, também há dificuldades na formação de médicos especialistas. "É uma guerra que está a ser travada entre os próprios médicos, para não dizer a Ordem, e o nosso Governo", afirma Dário Fernandes.
E não havendo atribuição de residências condignas por parte do Estado, "pelo menos tinha de haver um subsídio", para que os médicos possam pagar as rendas de casa, tendo em conta o elevado custo de vida, defende o delegado.
Vidas em perigo
A Ordem dos Médicos sublinha que é preciso garantir condições de habitação para os médicos. Alerta ainda que a vida de muitos profissionais está em perigo em algumas unidades sanitárias do país devido ao conflito entre as forças governamentais e os homens armados do maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
Manuel Chicamisse, representante do Governo Provincial de Sofala, reconhece as dificuldades enfrentadas pela classe médica. "A Ordem dos Médicos de Moçambique tem sido um parceiro na prestação de serviços de saúde à população e na consolidação do Sistema Nacional de Saúde", admite.
Segundo o governante, o Executivo "aprecia e encoraja o trabalho dos médicos, que mesmo sendo ainda muitos poucos e com carência de materiais tudo fazem para prestar serviços de saúde de qualidade, fazendo-o com dedicação, integridade e competência profissional".