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"Não haverá turbulência no congresso da RENAMO"

13 de maio de 2024

A RENAMO decide, esta semana, quem será o seu candidato às eleições presidenciais de 9 de outubro. Em entrevista à DW, o analista Hilário Chacate diz que Ivone Soares é quem "está em melhor posição" na corrida.

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Protesto de apoiantes da RENAMO em Maputo
A RENAMO assume-se como o partido que lutou pela democracia em MoçambiqueFoto: Amós Fernando/DW

Na corrida à liderança da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e à candidatura presidencial do partido estão vários nomes sonantes: Desde Ossufo Momade, que procura a reeleição, a Elias Dhlakama, Venâncio Mondlane, Alfredo Magumisse ou Ivone Soares.

Soares é quem, na opinião do analista político Hilário Chacate, "está em melhor posição para ser a candidata" do maior partido da oposição às eleições presidenciais de 9 de outubro.

DW África: Perspetiva na RENAMO uma escolha complexa do candidato presidencial como foi a da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO)?

Hilário Chacate (HC): Percebo esta última transição, que ocorreu no último Comité Central extraordinário [da FRELIMO], como a pior transição desde 1968. Não vislumbro o mesmo cenário dentro da RENAMO, até porque seria contraditório, uma vez que a RENAMO se assume como o partido que lutou pela democracia e [se autoproclama] como "pai da democracia". A expetativa que se pode ter de um partido que se assume "o pai da democracia" é a de permitir que a transição seja relativamente pacífica, com uma eleição transparente, livre e justa, sem turbulências dentro do partido.

Portanto, olhando para as movimentações em torno das candidaturas, creio que não teremos um cenário de turbulência [no congresso da] RENAMO.

Transição de poder na RENAMO não deve ser "turbulenta"

DW África: Como olha para o facto de haver tantas pessoas dentro dos partidos a quererem ocupar este lugar de candidato às presidenciais?

HC: O balneário político é muito amplo. [Na FRELIMO], há muita gente com a perceção de que poderá dar algum contributo para mudar o cenário dentro do partido. Vive-se um cenário bastante complexo, de fraturas internas. É um cenário em que vários grupos entendem que podem ascender para defender, primeiro, os interesses desses grupos dentro do partido, mas também para apresentar uma agenda política que poderá mudar o curso dos eventos em Moçambique.

O mesmo cenário verifica-se dentro da RENAMO. Ossufo Momade é o líder mais contestado de toda a história do partido, depois do tempo da guerra. [Antes,] Afonso Dhlakama foi um líder extremamente carismático, muito amado dentro e fora da RENAMO. Mas Ossufo Momade não conseguiu construir uma legitimidade, nem dentro da RENAMO, nem fora do partido. É por isso que assistimos dentro da própria RENAMO a diferentes perceções de alguns membros que acham que podem apresentar um projeto melhor para o partido, assim como um projeto de governação para Moçambique.

DW África: Na sua opinião, qual seria, entre os candidatos da RENAMO, o adversário mais forte para ir a eleições contra Daniel Chapo (FRELIMO) e Lutero Simango (MDM)?

HC: No meio de todos estes candidatos, penso que Ivone Soares é a que está em melhor posição, pelo seu histórico, pela sua formação, pela sua capacidade discursiva e retórica. Caso seja eleita, ela poderá trazer uma nova era para a RENAMO e para a dinâmica da política moçambicana.

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