Intercalares em Nampula poderão ter uma segunda volta
25 de janeiro de 201824 horas depois do encerramento das assembleias de voto, ainda não foram anunciados os resultados preliminares sobre a votação de quarta-feira (24.01) para a eleição do sucessor de Mahamudo Amurane, edil de Nampula assassinado a 4 de outubro.
No entanto, alguns partidos dizem que já contabilizaram os votos. Um deles é a FRELIMO, que esta quinta-feira (25.01) anunciou que acompanhou atentamente o processo e que os dados preliminares, coletados internamente, dão vantagem ao seu candidato Amisse Cololo.
"Os munícipes corresponderam com o manifesto [eleitoral] do nosso candidato e foram votar na FRELIMO", disse aos jornalistas o porta-voz da formação política, Caifadine Manasse. "Neste momento, as projeções iniciais indicam que a FRELIMO está a liderar o processo com a maioria dos votos e esperamos que a Comissão Nacional de Eleições dê o veredito final", acrescenta.
Para Manasse, "é preciso perceber que a FRELIMO, no município de Nampula, estava na oposição e ir a uma eleição e conquistar uma maioria de votos significa que há um reconhecimento da população com esperança na FRELIMO".
"Precipitação da FRELIMO"
Por seu turno, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) considera que ainda não há um vencedor da eleição de quarta-feira e diz que a FRELIMO está a precipitar-se. No entender do porta-voz do candidato Paulo Vahanle, Ossufo Ulane, os resultados preliminares que os técnicos do partido compilaram dão um empate técnico, abrindo a possibilidade de uma segunda volta.
"O apuramento tem duas versões: há um apuramento por vontade de quem quer o resultado [favorável] e há um técnico, fazendo as contas. Desses dois apuramentos, ninguém está proibido, todos temos o direito de fazer qualquer previsão, mas o que a RENAMO está a fazer agora não é querer criar expetativas. A RENAMO tem os editais e já fez apuramentos a nível do partido e sabe que até aqui não há vencedores e que existe uma grande probabilidade para a realização de uma segunda volta", garantiu.
Recorde-se que a lei prevê a realização de uma segunda volta se nenhum candidato obtiver mais de 50% dos votos.
MDM aceita derrota
Entretanto, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) aceita a derrota do seu candidato, Carlos Saíde, mas também o partido, segundo Agostinho Mussuanga, mandatário provincial do MDM, defende uma segunda volta eleitoral, devido às inúmeras irregularidades registadas ao longo do processo, com destaque para a introdução de novos cadernos e mesas das assembleias de votos.
"Para nós, aquilo que aconteceu é triste, não por termos perdido a eleição. Contámos 41 editais e tudo indica que, até agora, ninguém conseguiu 50 por cento [dos votos]. Portanto, os resultados apontam para uma segunda volta", disse.
A Comissão de Eleições na cidade de Nampula avalia de forma positiva o decurso do processo de votação, mas só garante para sexta-feira (26.01) o anúncio dos resultados preliminares, de acordo com Martinho Marcelino, presidente daquele órgão na cidade nortenha.
"Temos o nosso calendário [ de votação], e o mesmo vai terminar no dia 27. Estou a dizer que no dia 26 vamos divulgar os resultados e neste caso estamos dentro do nosso calendário oficial para a divulgação", anunciou.Entretanto, um grupo de observadores nacionais, denominado "Sala da Paz", reuniu-se esta quinta-feira para avaliar o processo de votação e, segundo o porta-voz, Juma Aiba, a campanha e a votação enfrentaram enormes dificuldades, "o que demonstrou uma fraca capacidade de preparação dos órgãos eleitorais neste processo". Os observadores garantiram a divulgação dos resultados ainda esta noite, segundo uma contagem paralela efetuada pelos seus membros. Caso haja empate técnico, o grupo éa favor da repetição da votação.
"No geral, verificou-se uma elevada abstenção [na votação]. Pelas estimativas, pode estar acima de dois terços. Os problemas ligados aos cadernos prevaleceram até o fim do processo de votação", sublinhou Aiba.
Detenção de quatro pessoas
A RENAMO, à semelhança de alguns partidos políticos concorrentes, denunciou algumas irregularidades na eleição, entre elas, uma alegada perseguição dos seus membros pela Polícia, que culminou com a detenção de um membro do partdo em pleno dia de votação.
Zacarias Nacute, porta-voz do Polícia moçambicana em Nampula, afirma que a corporação registou dois ilícitos eleitorais, que levaram à detenção de quatro pessoas, entre elas três membros do MDM e um da RENAMO, que faziam campanha eleitoral no dia da votação, uma atividade que é proibida por lei.
"Os cidadãos que foram apanhados a fazer mobilização junto dos eleitores para votarem nos seus respetivos partidos foram encaminhados para as unidades policiais onde decorre neste momento um processo crime".