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NATO assinala 70º aniversário em cimeira tensa

Astrid Corall | Lusa | AP | Reuters | rl
4 de dezembro de 2019

Está a decorrer em Londres mais uma cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Um encontro que assinala os 70 anos da aliança militar, numa altura em que os motivos para celebrar parecem escassos.

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Líderes da NATO foram recebidos pela Rainha de Inglaterra no Palácio de Buckingham.Foto: picture-alliance/AP Photo/Yui Mok

A cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte junta esta quarta-feira (04.12) líderes de 30 países num hotel em Hertfordshire, a norte de Londres, e está já marcada por fortes divergências internas sobre temas cruciais. Continua muito presente a entrevista do Presidente francês Emmanuel Macron ao The Economist, na qual este afirmou que a NATO "está em morte cerebral", sugerindo o desenvolvimento de uma defesa europeia autónoma.

Palavras que não foram bem recebidas por vários membros da organização, frisou, na terça-feira, no arranque da cimeira, o Presidente norte-americano, Donald Trump: "Foi uma declaração muito desagradável, principalmente para os outros 28 países [membros da organização]. Foi desrespeitoso".

Como já vem sendo tradição, Donald Trump voltou a apontar o dedo aos parceiros por não direcionarem mais fundos para despesas militares. Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO respondeu lembrando os aumentos das contribuições por parte da Europa, Turquia e Canadá, que pensam investir, em conjunto, até 2024 cerca de 400 mil milhões de dólares, mas frisando que "os Estados europeus e o Canadá não devem investir em defesa para agradar ao Presidente Trump".

Segundo Jens Stoltenberg, "devem fazê-lo porque estamos diante de novas ameaças e desafios. O ambiente de segurança tornou-se mais perigoso".

Reunião inconclusiva sobre a Síria

NATO-Gipfel in London | Macron, Johnson, Erdogan und Merkel
Emmanuel Macron, Boris Johnson, Tayyp Erdogan e Angela Merkel.Foto: Reuters//Presidential Press Office/M. Cetinmuhurdar

Outro dos temas críticos no seio da aliança é a intervenção militar turca na Síria, que motivou um encontro entre os líderes de França, Alemanha, Reino Unido e Turquia. No entanto, após a reunião, que teve lugar antes do arranque oficial da cimeira, o Presidente francês, Emmanuel Macron, fez saber que e encontro foi "inconclusivo" mas que há "vontade de avançar". 

Também a chanceler alemã Angela Merkel se mostrou otimista com o que classificou como "uma reunião boa e útil", mas que "deve ser encarada apenas como o início de uma discussão mais longa, porque o tempo foi limitado" e sugerindo nova reunião em fevereiro do próximo ano.

Emmanuel Macron destacou o facto de todos os participantes no encontro terem demonstrado "uma vontade clara" de provar que "a prioridade é a luta contra o [grupo 'jihadista'] Estado Islâmico e o terrorismo na região".

As relações entre a França e a Turquia tornaram-se mais tensas desde que Ancara lançou a ofensiva militar no nordeste da Síria contra a milícia curda, que tinha lutado ao lado dos Estados Unidos contra o grupo extremista Estado Islâmico.

Enquanto decorria a reunião de Recep Erdogan em Londres, o conflito na Síria continuava, provocando a morte de 44 pessoas com o colapso de um prédio, que faz desta data o dia mais sangrento do conflito, desde julho passado, segundo o Observatório para os Direitos Humanos.

A ascensão de Pequim

NATO assinala 70º aniversário em cimeira tensa

Também a afirmação da China como gigante económico está a colocar problemas de segurança, que a NATO identificou como críticos e para os quais procura ainda respostas consensuais entre os países membros.

Pela primeira vez, a aliança reconheceu os desafios provenientes do rápido crescimento do país e prevê-se que esta quarta-feira os 29 Estados-membros da NATO assinem uma declaração acerca da futura relação com Pequim: "É muito importante que tenhamos acordado que precisamos enfrentar juntos a ascensão da China. Porque até agora, este era um tema que não estava na nossa agenda (…). Mas agora reconhecemos, naturalmente, que a ascensão da China tem implicações de segurança para todos nós", explicou o secretário-geral da NATO.

Os líderes dos países da aliança quererão ainda discutir a questão do sistema de 5G, e as ameaças de segurança que esta tecnologia de comunicação colocará, no momento em que uma das empresas que está mais avançada, a Huawei, tem fortes ligações ao Governo de Pequim.

Entretanto, enquanto decorre a cimeira da NATO, em Londres, o Presidente russo Vladimir Putin disse, na cidade de Sochi, que está disponível para cooperar com a aliança ocidental. Declarações que mereceram uma resposta por parte de Emmanuel Macron que pediu "um diálogo, sem ingenuidade, para reduzir o conflito com este país".

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