NATO quer garantir que "Putin não volta a fazer o mesmo"
1 de junho de 2023O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, disse, esta quinta-feira (01.06), que, apesar de não terem sido tomadas decisões durante as conversações informais, todos os membros da aliança concordam que "a Ucrânia se vai tornar membro da NATO". No entanto, acrescentou, a "guerra tem de acabar primeiro" e as tropas russas têm de abandonar os territórios que ocuparam.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança reuniram-se, esta quinta-feira, na capital norueguesa, Oslo, para um segundo e último dia de conversações informais com o propósito de alinhavar detalhes para a cimeira da NATO nos dias 11 e 12 de julho, em Vilnius, na Lituânia. Os aliados pretendem unificar as suas posições sobre o apoio à Ucrânia e as despesas da organização com a defesa.
Quando questionado sobre a definição de um conjunto de medidas concretas para a adesão da Ucrânia à NATO após o fim da guerra, Stoltenberg disse que a Aliança está a trabalhar num quadro que garanta a segurança do país e do resto da Europa.
"Não sabemos quando é que a guerra vai acabar, mas quando acabar precisamos de fazer os possíveis para assegurar, com acordos credíveis, a segurança da Ucrânia no futuro e romper com o ciclo de agressões da Rússia", disse aos jornalistas. A NATO tem de criar "estruturas" para "assegurar que o Presidente Putin não volta a fazer o mesmo", acrescentou.
Qual a posição dos membros da NATO?
A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, afirmou que as conversações em Oslo visam "preparar o terreno" para a cimeira dos líderes da NATO, em julho, e que é fundamental chegar agora a uma posição unificada.
Também o primeiro-ministro português, António Costa, afirmou que os aliados "estão a trabalhar na preparação da próxima cimeira" e que "é prematuro ainda dizer qual vai ser a posição que vão assumir". Mas garantiu que "não haverá posições individuais, haverá uma posição coletiva e nós participaremos e estamos a participar na formação dessa posição coletiva", declarou António Costa.
Por seu lado, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que os aliados estavam "concentrados em ajudar a Ucrânia a desenvolver a sua capacidade de segurança a médio e longo prazo, de modo a que, se e quando a atual agressão se resolver, a Ucrânia tenha plena capacidade de dissuadir futuras agressões".
Sobre a adesão da Suécia à Aliança Atlântica, o secretário-geral da NATO fez saber que vai deslocar-se à Turquia "em breve" para desbloquear os "últimos obstáculos".
"Falei com o Presidente Erdogan no início da semana e vou visitar Ancara em breve [...] para que a Suécia venha a ser membro da Aliança o mais rápido possível", disse.
Zelensky pede "convite claro à adesão"
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tem insistido frequentemente na importância de o país aderir à Aliança. Também em declarações, esta quinta-feira, afirmou esperar um "convite claro à adesão" na cimeira de julho.
"Em Vilnius, na cimeira da NATO, é necessário um convite claro para a adesão da Ucrânia e são necessárias garantias de segurança no caminho para a integração", disse Zelensky, na sua intervenção na cimeira da Comunidade Política Europeia, na Moldova.
Na mesma ocasião, Zelensky apontou ser também "necessária uma decisão clara e positiva na adesão à União Europeia", pelo que este é "um ano de decisões".
"Precisamos de paz, é por isso que todos os países europeus que fazem fronteira com a Rússia e que não querem que a Rússia os invada devem ser membros de pleno direito da UE e da NATO, e só há duas alternativas: ou uma guerra aberta ou uma ocupação russa progressiva", disse o Presidente ucraniano, referindo-se à Geórgia e à Bielorrússia.