Navalny: Alemanha vai discutir sanções contra Rússia
6 de setembro de 2020O chefe da diplomacia alemã na União Europeia (UE), Heiko Maas, anunciou que a Alemanha vai discutir possíveis sanções contra a Rússia, caso Moscovo não dê explicações sobre o envenenamento do opositor russo Alexei Navalny.
"Estabelecer ultimatos não ajuda ninguém, mas se nos próximos dias o lado russo não ajudar a esclarecer o que aconteceu, então teremos de discutir uma resposta com os nossos parceiros", disse Heiko Maas numa entrevista ao jornal alemão Bild, publicada este domingo (06.09).
Atualmente na presidência da UE, a Alemanha sublinha que as sanções terão de ser "direcionadas". Num comunicado conjunto divulgado na sexta-feira (04.09), a França e a Alemanha voltaram a exigir explicações à Rússia, apelando a que os responsáveis pelo ataque sejam "identificados e levados à justiça".
Heiko Maas ainda ameaçou interromper o projeto Nord Stream 2, o gasoduto germano-russo em construção no Mar Báltico. "Em todo o caso, espero que os russos não nos obriguem a mudar a nossa posição relativamente ao Nord Stream 2", disse.
O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão sublinhou que interromper o gasoduto quando a obra está praticamente concluída prejudicaria também as empresas alemãs e europeias pelo que "quem exige isso tem de estar consciente das consequências". O projeto envolve mais de 100 empresas de 12 países europeus, metade das quais alemã.
Maas disse ainda que "muitos indícios" apontam para que o Estado russo esteja por detrás da suspeita de envenenamento de Alexei Navalny, acentuando que "apenas um grupo muito pequeno de pessoas" têm acesso a este tipo de agente tóxico.
Neurotóxico perigoso
Principal opositor do Presidente russo, Vladimir Putin, conhecido pelas investigações anticorrupção a membros da elite russa, Alexei Navalny, de 44 anos, está internado, em coma, desde 20 de agosto.
O político sentiu-se mal durante um voo de regresso a Moscovo, após uma deslocação à Sibéria. Foi primeiro internado num hospital de Omsk, na Sibéria, tendo sido transferido, posteriormente, para o hospital universitário Charité, em Berlim.
Os médicos alemães confirmaram que o opositor foi envenenado com a substância novichok, que integra um grupo de agentes neurotóxicos russos perigosos que foram proibidos, em 2019, pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPCW).
A conceção deste tipo de agente neurotóxico por cientistas soviéticos remonta aos anos de 1970 e 1980, as últimas décadas da Guerra Fria.