Ekuikui: "Temos a obrigação de voltar à liderança de ACJ"
3 de novembro de 2021Recentemente afastado do cargo de secretário provincial da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) em Luanda pelo líder do partido, Isaías Samakuva, Nelito Ekuikui diz confiar no presidente do maior partido da oposição angolana.
Em entrevista à DW África, o deputado rejeita a desconfiança generalizada de que Isaías Samakuva voltou à liderança do partido para servir os interessses do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e concorda com as alterações feitas por ele.
Porém, o jovem político tem esperanças de retornar ao cargo logo depois do congresso de dezembro, que escolherá o novo líder da UNITA. O deputado também nega que o maior partido da oposição esteja fracionado.
DW África: Considera justificado o seu afastamento do cargo de secretário provincial da UNITA em Luanda?
Nelito Ekuikui (NE): Eu considero que o presidente que está a liderar o partido tenha as suas opções e indique as pessoas que ele melhor quiser para a sua estratégia. Eu servi para um período e acho que no presente contexto uma outra pessoa deve servir melhor o partido. Mantenho naturalmente firmeza nas estruturas do partido. Deixo a liderança do partido na província, mas continuarei com as minhas responsabilidades no quadro do partido.
DW África: Acredita-se que Isaías Samakuva tenha voltado à liderança da UNITA para servir os interesses do MPLA. A ser verdade, como é que o senhor Nelito veria o facto da UNITA estar a ser minada pelos seus próprios membros?
NE: Eu não acho que o presidente Samakuva tenha vindo para servir interesses do MPLA. Eu acho que o presidente Samakuva vem por força de um acórdão que foi forçado pelo MPLA e tudo o que o presidente Samakuva tem estado a fazer até aqui é para conduzir o partido ao Congresso e voltar naturalmente a um quadro de definição da liderança do partido para as eleições de 2022. Nós tivemos uma reunião da Comissão Política que definiu a realização do congresso. Ato contínuo o presidente Samakuva convocou o Congresso e realizou várias reuniões que aprovaram um cronograma do Congresso que ele fez e tem estado a cumprir.
DW África: Nem pelo facto de ele ser visto como uma pessoa próxima do Presidente da República, João Lourenço?
NE: Eu penso que o Presidente João Lourenço tem estado a jogar mal com o presidente Samakuva. O Presidente João Lourenço tem estado a usar no plano público o mal. E o presidente Samakuva presidiu a uma reunião do Comité Permanente em que produziu o comunicado que condenou de uma forma enérgica a forma como o senhor Presidente quer mexer nos assuntos da UNITA. Este comunicado foi feito e quem já estava a liderar o partido é o presidente Samakuva. O que me conforta é o nível de maturidade dos militantes da UNITA, o nível de maturidade do povo angolano que de certeza absoluta está a acompanhar esta ataque de que a UNITA está a ser vítima, de uma forma particular o engenheiro Adalberto [Costa Júnior], que é o líder destituído. Eu estou certo que os angolanos tudo farão para fazer vincar o seu interesse e o seu interesse revê-se efetivamente na liderança que foi constituída.
DW África: A UNITA está fracionada?
NE: Não. Há unidade no seio do partido. E tanto é assim que o partido está a preparar-se para o Congresso e só há um comando, que é o do presidente Samakuva.
DW África: Os resultados que saírem do congresso de dezembro poderão ajudar a evitar uma fragilização completa da UNITA?
NE: Eu penso que a UNITA tem de definir o seu interesse e o interesse da UNITA tem que estar alinhado ao interesse do povo. Neste momento está claramente visível o que é que o povo quer. O povo identificou na liderança constituída da UNITA a figura para galvanizar o povo angolano e levá-lo para a alternância política. Sem querer influenciar ninguém, eu acho que nós, militantes da UNITA, temos a obrigação de voltar à liderança do engenheiro Adalberto Costa Júnior em dezembro e desta forma devolver a esperança aos angolanos, tentar retirar esta nuvem negra que paira sobre o céu.
DW África: E acredita também com isso no retorno da sua liderança ao nível da província de Luanda?
NE: Acredito sim, acredito.