Nelson Mandela: Inspiração no combate à Covid-19
18 de julho de 2020Se estivesse vivo, o primeiro Presidente negro da África do Sul completaria 102 anos, neste sábado (18.07).
Um inquérito produzido pela Fundação da Família Ichikowitz, tornado público na sexta-feira (17.07), aponta Nelson Mandela como a pessoa mais influente entre a juventude africana graças à sua luta pela liberdade e pelos direitos humanos.
A posição de Mandela contra a segregação racial e a desigualdade é pertinente para ajudar os africanos no combate à Covid-19, que está a crescer em toda a África do Sul e no continente africano, segundo a Fundação Nelson Mandela, que se congratulou com as conclusões do levantamento.
"A pandemia expôs as grandes desigualdades em todo o mundo, as lacunas gritantes entre os que têm [e os que não têm], e muitos em África confrontam-se com a sobrevivência ameaçada devido à falta de acesso aos cuidados de saúde," disse Luzuko Koti, porta-voz da fundação.
Também na sexta-feira, a filha mais nova de Nelson e Winnie Mandela, Zindzi, foi a enterrar - depois de ter perdido a vida esta semana num hospital de Joanesburgo. A causa da morte não foi declarada. Entretanto o seu filho, Zondwa, entrevistado pela cadeia de rádios e televisões públicas da África do Sul SABC, disse que Zindzi testou positivo para a Covid-19 no dia da sua morte.
Esta revelação resultou numa declaração por parte do chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, em referência à família Mandela.
"Este é um vírus que nos afeta a todos e nunca deveria haver qualquer estigma em torno das pessoas que são infetadas," defendeu Ramaphosa.
Ajudar os moçambicanos em tempos de Covid-19
Pela primeira vez depois da proclamação do dia Internacional Nelson Mandela pela ONU em 2009, o país assinala a efeméride com o apelo para a prevenção à Covid-19, por ser o país com mais infetados e mais mortos em todo o continente. De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana, na sexta-feira a África do Sul contabilizava 324.221 casos da doença e 4.469 vítimas mortais.
Crescem no país vários apelos, por parte do Governo, para que a luta de Mandela pela igualdade racial sirva de inspiração para a erradicação do novo coronavírus e para atos de solidariedade para com os desfavorecidos.
Inspirando-se nos feitos de Madiba, nome tradicional de Mandela, o jovem moçambicano Marcelo Dauane, iniciou há um mês uma campanha de solidariedade virada aos seus compatriotas radicados na África do Sul, assolados por problemas financeiros devido à pandemia da Covid-19.
Através da Fundação Nipfuni ( ou "Ajuda-me", na tradução para o português), cerca de 113 famílias da região do Cabo, nomeadamente nas províncias do Cabo Oriental, Ocidental e Cabo do Norte, foram contempladas com vouchers para a compra de produtos alimentares em um dos três supermercados pré-definidos.
"É do conhecimento de todos que durante esta pandemia os mais afetados são as pessoas que perderam a sua fonte de renda e, infelizmente, é a realidade de grande parte dos moçambicanos que vivem na África do Sul, pelo fato de larga percentagem operar no setor informal," avançou o fundador da iniciativa, Marcelo Dauane.
Um dos desafios da campanha, respondendo também aos apelos para a observância do distanciamento social, é ajudar sem sair de casa.
"Como forma de responder ao desafio de identificar os mais vulneráveis, com o apoio do Consulado Moçambicano da Cidade do Cabo, decidimos trabalhar com líderes da comunidade moçambicana, dado que estes são os que conhecem os seus membros e a forma como os poderíamos localizar. Eles forneceram-nos a lista dos necessitados, incluindo os seus contatos telefónicos, o que nos facilitou a sua localização e envio dos vouchers", destacou Dauane.
Homenagem às vítimas do feminicídio
Para assinalar o dia Internacional Nelson Mandela a co-fundadora da Nipfune, Lourena do Rosário, lidera uma homenagem às vítimas do feminicídio, outro problema que assola a terra de Madiba, este sábado (18.07).
Recorde-se que mais de 20 mulheres e crianças teriam sido brutalmente assassinadas nas últimas semanas, dados avançados recentemente pelo o Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, aquando do seu discurso à nação acerca dos regulamentos de combate à Covid-19.
De destacar que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) fará a palestra anual dedicada a Nelson Mandela este sábado, data que marca o aniversário do Prémio Nobel da Paz.
Sob o tema "Enfrentar a Pandemia da Desigualdade: Um Novo Contrato Social para uma Nova Era", António Guterres abordará as várias camadas de desigualdade que estão a ser expostas e exacerbadas pela pandemia da Covid-19.