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PolíticaNigéria

A "guerra perdida" de Muhammadu Buhari contra o Boko Haram

Chrispin Mwakideu | AFP
2 de dezembro de 2020

O Presidente nigeriano prometeu acabar com o grupo extremista Boko Haram. Mas, há cinco anos no cargo, está hoje muito longe de alcançar o seu objetivo.

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Veículo carrega bandeira do grupo extremista Boko Haram
Veículo carrega bandeira do grupo extremista Boko HaramFoto: Audu Ali Marte/AFP/Getty Images

Na Nigéria, a tentativa de combate de Muhammadu Buhari contra o grupo extremista Boko Haram ainda está 'longe do fim'. O Presidente nigeriano chegou ao poder com a promessa de derrotar o terrorismo. Entretanto, cinco anos depois, a insurgência islâmica no norte do país e a insegurança continuam a ser um grande desafio para o Presidente da nação mais populosa de África.

Esta terça-feira (01.12), o Boko Haram assumiu a responsabilidade pelo brutal massacre de mais de 70 trabalhadores agrícolas, que aconteceu no fim de semana, em Maiduguri, capital do estado de Borno, nordeste da Nigéria. O massacre, que custou a vida a um total de 110 pessoas,  levanta questões sobre a capacidade de Buhari em cumprir as suas promessas eleitorais.

"As mortes e os sequestros de religiosos em Kanoma, no estado de Zamfara, e o mais recente massacre de camponeses a sangue frio, mostram o que está a acontecer. Não é preciso dizer que o desempenho do Governo é ruim. Já se passaram mais de dez anos e o clima é de cada vez mais insegurança", diz o nigeriano Awwal Faruq, analista de segurança civil.

A provar do próprio veneno

Muhammadu Buhari condenou, numa mensagem pela rede social Twitter, o que descreveu como "assassínios insanos e sem sentido, cometidos por terroristas", em alusão ao brutal massacre de camponeses em Maiduguri.

Corpos sepultados no estado de Borno
Corpos de agricultores mortos num massacre atribuído ao Boko Haram foram sepultados em ZabarmariFoto: Audu Ali Marte/AFP/Getty Images

Joseph Atan, um residente nigeriano na capital Abuja, diz que Buhari é vítima do mesmo problema de que acusou o Governo anterior do antigo Presidente Goodluck Jonathan.

"Em 2015, quando as campanhas começaram, o Presidente [Buhari] saiu e disse que o Governo da época não estava a fazer o suficiente e era incapaz. Ele disse que, quando assumisse o poder, acabaria com o clima de insegurança. Essa foi a razão pela qual os nigerianos o elegeram. Mas agora, as coisas estão piores", afirmou.

Falta de equipamentos militares

De acordo com o Índice Mundial do Terrorismo Global de 2020, que mede o grau e a frequência da violência cometida por grupos terroristas em vários países, a Nigéria encontra-se em terceiro lugar, logo após do Iraque e do Afeganistão.

O especialista em segurança Audu Bulama Bukarti aponta a falta e equipamentos de militares do Estado como uma das causas da guerra contra o Boko Haram, que já se arrasta por quase uma década. "É necessário que o Governo invista nas forças armadas nigerianas e compre equipamentos militares novos, incluindo de telecomunicações e de inteligência", sublinhou.

"A guerra ainda não acabou e a derrota dos jihadistas ainda está muito longe. O Governo nigeriano e o seu aparato de segurança precisam avançar muito mais para neutralizar a ameaça que os insurgentes continuam a representar na região", defende o analista político e de segurança Ryan Cummings.

Uma ativista na luta pelos direitos das mulheres na Nigéria