Nigéria: Boko Haram está de volta
4 de janeiro de 2018Pelo menos 14 pessoas morreram esta quarta-feira (03.01.) quando um bombista suicida se fez explodir numa mesquita no norte da Nigéria, junto à fronteira com os Camarões.
Os ataques fizeram dezenas de mortos e foram imediatamente reivindicados pelo líder do Boko Haram. O politólogo nigeriano Umar Baba considera que "a culpa do que está a acontecer não é do Governo. Eles [Boko Haram] querem mostrar aos militares que ainda conseguem movimentar-se, apesar dos sinais de segurança e das estratégias introduzidas na região."
E Baba lembra ainda que "as pessoas estão a ficar apreensivas e perturbadas e estão com medo de voltar a viver tudo outra vez, o que é muito perturbador. O Governo deve também preocupar-se com os efeitos desta ameaça constante e colocar a economia no centro das prioridades”.
Qual é a verdade?
O Boko Haram já fez mais de 20 mil mortos e 2,6 milhões de deslocados desde 2009. Os cidadãos estão desiludidos com as autoridades locais que, recorrentemente, garantem ter exterminado o Boko Haram. Uma atitude que para Isiyaku Musa, residente em Maiduguri, no estado de Borno, é desconcertante: "Estamos cansados com o que se está a passar na nossa região. O Governo e os militares estão sempre a dizer que derrotaram o Boko Haram, mas isso está longe de ser verdade. Eles continuam a atacar pessoas inocentes."
Musa conta que "agora, o seu líder, Abubakar Shekau, apareceu num novo vídeo a assumir a autoria desses ataques. E o Governo não diz nem uma palavra sobre isso. É melhor que eles venham a público dizer a verdade, porque o Boko Haram não foi derrotado”.
O Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, disse no discurso de ano novo que a Nigéria "acabou com o Boko Haram". Há dois anos, já tinha dito que o grupo jihadista estava "tecnicamente derrotado".
Abubakar Abdullahi, um outro cidadão de Maiduguri, defende que "o exército tem de se reorganizar para que não haja mais infiltrados a vender armas e munições ao inimigo. É por isso que a guerra contra o terrorismo na Nigéria não acaba com o problema do Boko Haram, porque há sabotadores que estão a atuar em benefício pessoal”.