Novo ataque no centro de Moçambique
2 de dezembro de 2019Por enquanto, há poucos detalhes sobre o novo ataque na Estada Nacional 1. Testemunhas contaram à agência de notícias Lusa que houve dois feridos ligeiros. A polícia confirma apenas que um autocarro de passageiros foi atacado esta segunda-feira de manhã (02.12).
Na sexta-feira passada, a região de Muda Serração, no distrito de Gondola, foi palco de um outro ataque, que fez seis feridos. Segundo a Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, o ataque de sexta-feira foi da autoria de homens armados do maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
"Homens armados da RENAMO, atacaram cerca das 5 horas da sexta-feira, uma viatura que fazia o sentido Muda Serração a Inchope. As vítimas foram socorridas de imediato ao hospital provincial e um cidadão encontra-se ainda a receber cuidados médicos", afirmou esta segunda-feira Mateus Mindú, porta-voz da PRM em Manica.
Entretanto, terão sido reforçadas as patrulhas na estrada: "As Forças de Defesa e Segurança encontram-se ao longo da EN1 com vista a identificar, neutralizar e, posteriormente, responsabilizar criminalmente os autores destes ataques", acrescentou Mindú.
A DW África tentou ouvir a delegação da RENAMO na província de Manica, sem sucesso.
Populares apelam à paz
10 pessoas morreram em ataques no centro de Moçambique desde agosto. A RENAMO tem acusado um grupo de dissidentes do partido, a chamada "Junta de Militar", de realizar os ataques. Mas o grupo só reivindicou alguns deles.
Os dissidentes estão contra o líder da RENAMO, Ossufo Momade, e pedem para renegociar o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, assinado em agosto entre o Governo e a RENAMO.
Entretanto, a população volta a apelar ao fim da violência. Florinda João Muteto, uma empresária da cidade de Chimoio, diz que os distúrbios estão a atrasar o desenvolvimento de Moçambique. "Matar um camponês e indivíduos que estão de viagem à procura do seu pão e depois esconde-se no mato, será que faz sentido? E, fazendo isso, o que poderá resolver?"
Em entrevista à DW África, o académico Fernando Rafael também apelou à paz: "Os líderes devem ser chamados à consciência sobre o valor da paz. A paz não tem preço […] podem-se encontrar outras alternativas para o diálogo, sem necessariamente se recorrer à guerra. Também é precioso que a imprensa crie estas plataformas para uma democracia de respeito mútuo."