Novo Governo toma posse em Bissau com demissões à mistura
10 de junho de 2022Três altos dirigentes do Partido da Renovação Social (PRS), nomeados para diferentes pastas ministeriais, não marcaram presença na tomada de posse, esta sexta-feira (10.06), no Palácio da República, em sinal de descontentamento pela forma como foi formado o novo Executivo.
Em reação, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, exonerou as três figuras: Mário Fambé, ministro da Energia, Fernando Dias, ministro dos Recursos Naturais, e Tcherno Djaló, ministro da Educação Nacional.
O Partido da Renovação Social (PRS) convocou, esta sexta-feira, com caráter de urgência, a reunião da sua Comissão Política Nacional, para analisar os últimos desenvolvimentos políticos na Guiné-Bissau.
PAIGC fora do Governo
Tudo apontava para que o vencedor das últimas eleições legislativas, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), atualmente na oposição, integrasse o Governo, mas a formação política dirigida por Domingos Simões Pereira acabou por ficar de fora de um executivo com 37 membros.
Após a tomada de posse dos novos membros do governo, o primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, falou da ausência do PAIGC: "Indigitei o vice-primeiro-ministro [Soares Sambú] para negociar com o PAIGC, e por fim, decidiram não integrar o Governo. Portanto, esta é a decisão unilateral do PAIGC e nós não podemos dizer algo mais do que isto", explicou.
Entretanto, em curtas declarações à DW África, Manuel dos Santos - 'Manecas', dirigente do PAIGC, evocou as razões que motivaram o partido a declinar o convite para adesão ao executivo.
"O Bureau Político do PAIGC [reunido na quinta-feira (09.06)] disse que o partido não tem condições para realizar o seu congresso [é impedido pela justiça]. Não se levantam as medidas de coação ilegais que foram impostas ao presidente [do partido - impedido pela justiça de deixar o país]", lamentou.
"O PAIGC não tem condições para participar no Governo", asseverou.
‘Manecas’ disponível para dialogar
Manuel dos Santos disse que o PAIGC está aberto e disponível para o diálogo, sempre que o Presidente da República o solicitar.
A crise política instalou-se na Guiné-Bissau, em 16 de maio deste ano, quando o Chefe de Estado decidiu dissolver a Assembleia Nacional Popular (ANP), pôr fim à décima legislatura e convocar eleições legislativas antecipadas para 18 de dezembro.
O jornalista Sabino Santos defende que o choque de Umaro Sissoco Embaló com as várias entidades políticas guineenses é prejudicial para o chefe de Estado e para o país.
"Para o Presidente da República, ficou provado que já não tem aliança política capaz de o suportar em qualquer embate eleitoral. Para o país, vamos continuar com esta crise cíclica, até onde for possível”, comentou.