Vírus pode ser causa da morte de centenas de elefantes
28 de julho de 2020A morte de centenas de elefantes nas últimas semanas no Botswana poderá ter sido provocada por um novo vírus ou veneno, segundo a última hispótese equacionada pelas autoridades.
Apesar do Executivo do Botswana ainda desconhecer o que causou a morte destes animais, os testes continuam e as autoridades já descartaram o antraz e a caça furtiva porque os animais foram encontrados com as presas.
O mistério tem preocupado alguns conservacionistas, que temem que as mortes de elefantes se multipliquem caso não seja possível estabelecer uma causa brevemente.
Mas o Ministério do Ambiente, Recursos Naturais, Conservação e Turismo já esclareceu que "até à data, não foram observadas novas mortandades durante o inquérito".
Resultados em breve
O Laboratório Nacional Veterinário do Botswana não conseguiu ainda estabelecer as causas de morte dos animais, após examinar 281 carcaças de elefantes encontradas na popular zona do Delta do Okavango, no norte do país.
"É um dos maiores desastres com impacto nos elefantes deste século e logo num dos principais destinos turísticos de África", disse o diretor do grupo de conservação National Park Rescue, Mark Hiley.
A investigação das autoridades locais conta a ajuda de laboratórios na África do Sul, Zimbabué, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Canadá. Os resultados deverão ser conhecidos ainda esta semana.
Embora não tenha havido qualquer indicação de carcaças frescas ou sinais de que a mortalidade se tenha espalhado para além da área inicial, a equipa distrital que se encontra no terreno vai continuar a monitorizar a situação, a remover o marfim das carcaças e a levá-lo para custódia segura, bem como a destruir as carcaças que se encontram perto das aldeias e das povoações humanas, indicou o Ministério do Ambiente.
Que mortes são estas?
No início de julho, autoridades e organizações não-governamentais (ONG) do Botswana anunciaram a morte de centenas de elefantes na região turística do Delta do Okavango durante os últimos meses, suspeitando de uma doença misteriosa.
Na altura, o diretor de parques nacionais e vida selvagem do Botswana, Cyril Taolo, confirmou a morte de pelo menos 275 elefantes, enquanto um relatório da ONG Elefantes Sem Fronteiras (EWB), datado de 19 de junho de 2020, apontava para a morte de 356 elefantes naquela região.
"Observou-se que os elefantes vivos estavam muito fracos, letárgicos, e alguns desorientados e com dificuldade em mover-se", adiantou Taolo, acrescentando que os machos e as fêmeas de todas as idades pareciam ser afetados por uma "doença misteriosa".
"Um elefante foi observado a andar em círculos e incapaz de mudar de direção, apesar do encorajamento dos outros membros da manada", indicou.
Caso isolado?
Em 2018, a EWB gerou controvérsia ao afirmar ter identificado 90 carcaças de elefante, uma situação descrita na altura por Michael Chase como o "episódio mais grave de caça furtiva em África".
O governo do Botswana negou então fortemente estes números, argumentando que a ONG tinha na realidade contado apenas 53 carcaças de elefante, a maioria das quais tinha morrido "devido a causas naturais ou a conflitos entre homem e vida selvagem".
Localizado entre a Zâmbia, Namíbia e África do Sul, o Botswana alberga cerca de 130.000 elefantes em liberdade, um terço da sua população africana conhecida, protegendo as espécies da caça furtiva.