1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
MúsicaAngola

Paulo Flores apresenta novo álbum "Independência" em Lisboa

20 de maio de 2021

Paulo Flores sobe ao palco do Coliseu de Lisboa esta sexta-feira (21.05) para apresentar o novo álbum que festeja a independência de Angola. Para o músico, o livre pensamento ainda é um direito por conquistar no país.

https://p.dw.com/p/3tfsQ
Angola Paulo Flores Sänger
Foto: Privat

"Independência", o novo trabalho discográfico de Paulo Flores, é o seu testemunho dos 45 anos de Angola como país independente. Mas o álbum também celebra os 48 anos de vida do músico, natural do Cazenga, em Luanda.

"Este álbum procura essencialmente uma reflexão que, mais do que música, tinha a ver com o conteúdo e com o texto da mensagem que eu queria passar, que tem a ver com as dependências sobre as quais a nossa independência ainda está dependente", começa por dizer o artista.

Paulo Flores, Sänger | Konzert in Lissabon, Portugal
Atuação de Paulo Flores em LisboaFoto: Fernando Pineza/CPLP

Segundo Paulo Flores, o álbum não representa apenas o sentimento de alma do músico que é considerado um dos cantores mais populares de Angola.

"Lembrei-me do álbum ‘Independência’ do Teta Lando, que foi o segundo dele, e eu achei que seria interessante falar com o Yuri [da Cunha]; ele também gostou dessa ideia de nos vermos, tantos anos depois”, conta. “E é curioso que parece que sentimos ainda as mesmas carências que Teta Lando cantava quando lançou a ‘Independência’ dele", acrescenta.

Falta de liberdade de pensamento

Retomar o tema – adianta o músico – é também um convite à reflexão sobre como conquistar uma independência plena. "Não vai ser pelas armas, não vai ser pela violência. Vai ser pelo pensamento que é o que mais nos é privado, em particular em Angola e nos contextos do mundo moderno", frisa.

Os temas interpretados por Paulo Flores aspiram a esse direito, mas também exaltam os desafios ainda vigentes que a conquista da independência impôs aos angolanos. "Porque a principal conquista será quando nós nos libertarmos dos nossos próprios medos. Quando deixarmos de ser prisioneiros da nossa própria mente e nos libertarmos de todos os traumas", explica.

Para o artista, os angolanos devem ganhar a capacidade de pensar por si próprios, acreditando num futuro mais risonho. "Embora o disco faça uma reflexão meio desesperada, ao mesmo tempo não tem como nós não acreditarmos... Porque, de facto, nós já passámos por tanta coisa que, hoje em dia, é quase como se fosse uma questão de tempo", prevê.

Paulo Flores, Sänger | Konzert in Lissabon, Portugal
Paulo Flores, músico angolano radicado em PortugalFoto: Fernando Pineza/CPLP

"Sinto que, às vezes, Angola ainda nem sequer está preparada – porque não há essa condição – para assimilar tudo o que estou a escrever. Mas fica para a memória futura. Fica como exercício e como narrativa dos nossos tempos. E principalmente era importante para mim contar algumas histórias do meu imaginário, algumas histórias que eu vivi e que sinto que têm sido apagadas pelo tempo", refere o músico.

O seu legado para o futuro

Paulo Flores confessa que tem recebido mensagens "emocionantes", não só de gente da sua geração, que transmite esta ansiedade pela liberdade e por uma Angola melhor, mas também de um público mais jovem.

Por esta razão, no dia do concerto no Coliseu dos Recreios, o músico espera receber muitos aplausos. "Mais do que os aplausos, é a contribuição. É a minha obra que se vai completando, aquilo que eu vou deixar para as futuras gerações e para as atuais", admite.

Em entrevista à DW África, Paulo Flores informa que irá em tour com Yuri da Cunha por algumas províncias de Angola. "Espero que as condições pandémicas permitam, mas de facto é algo que queremos muito fazer", conclui.

Saltar a secção Mais sobre este tema