Nyusi continua a falar com RENAMO até chegar a acordo de paz
1 de setembro de 2017O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse esta sexta-feira (01.09.) que o seu Executivo continuará a conversar com a RENAMO, para o alcance de um acordo definitivo de paz para o país. "A paz é possível e só será trazida pelos próprios moçambicanos", declarou o chefe de Estado.
Filipe Nyusi explicou à população dos distritos visitados (Maganja da Costa, Mocuba, Gurúè, Mocubela e Lugela) que tudo está a ser feito para que Moçambique esteja definitivamente em paz e que não haveria dialogo se a RENAMO não concordasse com o processo de pacificação do pais.
"É difícil, mas possível para nós, os moçambicanos. Dada a forma como o povo está a comportar-se, tenho a certeza que vamos conseguir a paz", destacou o Presidente.
Nyusi falava num comício na província da Zambézia, centro de Moçambique, onde iniciou na quinta-feira (31.08.) uma visita de três dias a vários distritos.Para o Presidente da República, o fato de as negociações de paz terem sido assumidas pelos líderes das duas partes é um forte indicador de que os moçambicanos têm consciência da sua responsabilidade na resolução deste problema.
"O vizinho sempre acompanha, ajuda e assiste, mas a decisão definitiva é feita por nós", acrescentou o chefe de Estado moçambicano, garantindo que o seu Executivo "continuará a dialogar com todos aqueles que são intervenientes da paz".
Já não há mais tempo para discursos
Para o Presidente moçambicano, os debates para o alcance da paz efetiva continuam, mas garantiu que já não há mais tempo para discursos e tantos comícios. Segundo ele, o que resta é tempo para ser utilizado na restauração da paz em Moçambique.
"O povo já disse o que quer é a paz. Chega de reuniões, queremos é consolidar a paz”.
Recorde-se que recentemente em declaração ao Canal de Moçambique, citada pela agência de notícias Lusa, o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, anunciou que vai assinar acordo de paz com o Presidente moçambicano entre outubro e novembro deste ano. E o seu partido está a negociar com cautela com o Governo moçambicano, para evitar que haja fracassos, depois do que aconteceu com as anteriores negociações entre as partes.
Nessas declarações, Dhlakama reiterou que a RENAMO exige a integração dos seus quadros nos postos de comando das Forças de Defesa e Segurança (FDS) e a aprovação de um pacote legislativo que preconize a eleição de governadores provinciais.
Entretanto, esta sexta-feira (01.09), o Presidente Nyusi disse à população da Zambézia que a crise financeira e a desvalorização do metical face à moeda estrangeira criaram alguns constrangimentos na economia moçambicana.
"Nós, como país, continuamos a viver dependentes do apoio de amigos que desde a independência muito nos ajudaram. Mas agora, eles disseram que já basta, por razões que eles próprios sabem. Então, continuamos com os mesmos projetos que tínhamos concebido e desenhado para desenvolver a nossa economia. Estamos a estudar como implementar esses projetos”.
Reduzir dependência do exterior
E porque a promoção da produção e produtividade tem sido a principal palavra de ordem do chefe de Estado moçambicano ao longo das suas visitas de trabalho às províncias, Filipe Nyusi reuniu-se com produtores e intervenientes do sector da comercialização agrícola naquela província central do país. Nyusi, apelou entretanto à população para que trabalhe mais visando aumentar a produção de alimentos como uma alternativa para a redução da dependência do exterior.
Segundo Flipe Nyusi, "para podermos ultrapassar os problemas causados pelo aumento do custo de vida, as populações deveriam esforçar-se em áreas específicas, como a agricultura por exemplo. Está claro que ninguém vai apoiar-nos neste momento. Então nós próprios temos que trabalhar para ultrapassar todos esses problemas. Melhores dias virão", concluiu o Presidente moçambicano".
Da agenda da visita do Chefe de Estado à província da Zambézia, constam ainda a inauguração da Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal da UniZambeze, no distrito de Mocuba, e a inauguração da fábrica de processamento de macadâmia, um dos produtos de exportação que serão a aposta da província da Zambézia.