Nyusi descarta possibilidade da Total abandonar Cabo Delgado
5 de agosto de 2022"Nós nunca chegamos a pensar que a Total pode não voltar e da conversa que tenho tido com presidente da empresa [Patrick Pouyanné] nunca se levantou essa possibilidade", declarou Filipe Nyusi, durante a Reunião de Negócios da Agenda Africana da Comunidade dos Presidentes dos Conselhos de Administração e Diretores Executivos, realizado quinta-feira (04.08), em Maputo.
Segundo o chefe de Estado moçambicano, a petrolífera francesa tem estado a pressionar o Governo para que crie condições para o reinício das atividades da empresa, que tem estado, através de projetos comunitários, a apoiar os esforços das autoridades para que o problema da insurgência na região seja resolvido.
"A Total é que pressiona o Governo para que o Estado faça a sua parte, que é de devolver a tranquilidade e a segurança. A própria empresa tem estado a dar a sua contribuição para que a situação se estabilize, apoiando a juventude", frisou o chefe de Estado moçambicano.
"Não é um produto que desaparece"
Embora descarte a possibilidade de a Total abandonar o projeto, Filipe Nyusi lembra que o gás não vai desaparecer no caso de a multinacional francesa decidir suspender em definitivo a operação.
"Nós não colocamos a hipótese de a Total não voltar, mas bem, caso isso aconteça, o gás está lá. Há quem pode explorar também. Não é um produto que desaparece. Mas nós não pensamos na negativa", frisou Filipe Nyusi, acrescentando que, com apoio de forças estrangeiras, a situação do distrito de Palma é estável e o empresariado já pode regressar.
A TotalEnergies, cujo consórcio vai investir mais de 20 mil milhões de dólares na exploração de gás natural no norte de Moçambique, suspeneu o desenvolvimento do projeto na região, devido a um ataque em 2021, perto das infraestruturas do empreendimento, no distrito de Palma, província de Cabo Delgado.
Governo promete condições
Ontem, em declarações à comunicação social na província de Gaza, sul de Moçambique, o ministro dos Recursos Minerais e Energia, Carlos Zacarias, prometeu que até ao final deste ano estarão criadas todas as condições para a retoma do projeto de gás natural da Total.
Palma foi alvo de um dos mais mediáticos ataques protagonizados pelos rebeldes que aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, quando em 24 de março de 2021 os insurgentes invadiram a sede daquele distrito, tendo provocado dezenas de mortos e feridos, bem como a fuga de milhares de pessoas.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados. Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.