Nyusi na Tanzânia para discutir violência em Cabo Delgado
11 de janeiro de 2021Durante a visita à Tanzânia, Filipe Nyusi vai reunir-se com o seu homólogo John Magufuli, sendo o "principal tema de trabalho a conjugação de esforços para fazer face, com eficácia, ao fenómeno do terrorismo que tem afetado os dois países, com impactos na região", refere-se no comunicado da Presidência moçambicana.
"Debruçar-se-ão igualmente sobre matérias de interesse mútuo, visando impulsionar a cooperação a todos níveis e domínios, para o bem-estar dos respetivos povos", acrescenta-se no comunicado, avançando-se ainda que a visita surge a convite de Presidente da Tanzânia.
Na sua deslocação à Tanzânia, Filipe Nyusi estará acompanhado pelo comandante-geral da Polícia da República de Moçambique, Bernardino Rafael, e pelo major-general Eugénio Mussa, comandante da zona operacional Norte.
Cabo Delgado, uma das duas províncias moçambicanas que fazem fronteira com a Tanzânia, está sob ataque desde outubro de 2017 por insurgentes, classificados desde o início do ano pelas autoridades moçambicanas e internacionais como ameaça terrorista.
Em novembro, Moçambique e Tanzânia assinaram um acordo para troca de informações sobre as incursões de grupos armados.
"O acordo prevê que nós trabalhemos em conjunto no sentido de controlarmos a fronteira do Rovuma, trabalhando com as populações para que elas denunciem a possível movimentação dos terroristas", disse, na altura, o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), momentos após a assinatura do documento na Tanzânia.
"Resistir às tentações"
O comandante-geral Bernardino Rafael, pediu aos jovens moçambicanos esta segunda-feira (11.01) que "resistam às tentações" de se juntarem aos grupos terroristas que têm protagonizado ataques no norte de Moçambique.
"Jovens, resistam às tentações dos terroristas. Resistam a todos os tipos de viciações, tudo na garantia da defesa da vossa pátria", declarou Bernardino Rafael, durante uma visita à ilha Matemo, na província de Cabo Delgado, citado hoje pela Televisão de Moçambique.
Sem avançar detalhes, o comandante da polícia moçambicana disse ainda que as Forças de Defesa e Segurança conseguiram frustrar quatro tentativas de ocupação, pelos grupos de insurgentes, da Ilha de Matemo.
"Viemos dizer muito obrigado pela resistência dos residentes da Ilha do Matemo que sempre venceram. Continuem abraçados com as vossas Forças de Defesa e Segurança na defesa dessa ilha", declarou Bernardino Rafael.
"Ninguém vai fazer com que abandonemos esta pátria porque não temos outra, esta é a nossa", frisou o comandante-geral.
A violência armada em Cabo Delgado, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, começou há três anos e está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil deslocados, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.
Algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico desde 2019.
A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) vai reunir-se este mês para debater a situação de segurança na região.