Níger: Centenas pedem saída de soldados americanos
21 de abril de 2024Os manifestantes reuniram-se a pedido de um grupo de 24 associações da sociedade civil que apoiam o regime militar que chegou ao poder através de um golpe de Estado em 26 de julho de 2023.
As bandeiras do Burkina Faso, do Mali, do Níger e da Rússia eram visíveis na manifestação, disse a agência AFP.
Uma grande faixa colocada pelos manifestantes dizia: "Estamos em Agadez, não em Washington, exército americano sai".
"A nossa mensagem é clara: soldados americanos, façam as malas e vão para casa", disse à AFP Issouf Emoud, líder do Movimento M62 em Agadez, que tinha organizado manifestações para exigir a partida dos soldados franceses.
Os Estados Unidos aceitaram retirar do Níger cerca de mil soldados, anunciaram vários responsáveis norte-americanos, depois de o regime militar de Niamey ter denunciado um acordo de cooperação.
O segundo comandante da diplomacia norte-americana, Kurt Campbell, aceitou o pedido das autoridades do Níger, durante um encontro em Washington com o primeiro-ministro, Ali Mahamane Lamine Zeine, disseram na sexta-feira à agência de notícias AFP responsáveis norte-americanos que pediram para não serem identificados.
O acordo prevê a ida de uma delegação norte-americana ao Níger nos próximos dias para acertar os pormenores da retirada. A televisão pública nigerina já tinha anunciado essa deslocação na sexta-feira (19.04).
Cooperação suspensa
Os Estados Unidos suspenderam a maior parte da cooperação, incluindo a militar, com o Níger depois do golpe de Estado que derrubou o Presidente eleito Mohamed Bazum, em 26 de julho.
Em março, o Níger denunciou o acordo de cooperação militar assinado com os Estados Unidos em 2012, alegando que este tinha sido "imposto unilateralmente" por Washington.
Os mil soldados norte-americanos presentes no Níger estão envolvidos na luta contra o extremismo islâmico no Sahel e têm uma importante base de drones em Agadez (norte).
Assim que chegou ao poder, o novo regime militar exigiu a partida dos soldados da antiga potência colonial francesa e aproximou-se da Rússia, tal como os vizinhos Mali e Burkina Faso, igualmente governados por militares.
Em meados de janeiro, a Rússia anunciou que tinha concordado "em intensificar" a cooperação militar com o Níger.