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Oposição moçambicana denuncia perseguições

26 de setembro de 2016

Depois de várias denúncias de assassinatos e perseguição de elementos da RENAMO, a segunda figura do MDM, Manuel de Araújo, diz que está a ser perseguido por homens armados.

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Foto: picture-alliance/dpa

Em janeiro, o secretário-geral da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Manuel Bissopo, foi baleado por desconhecidos na Beira, em Sofala. Recentemente, homens armados tentaram disparar contra a líder da bancada parlamentar da RENAMO, Ivone Soares, em Quelimane, na Zambézia. Agora, o edil de Quelimane, Manuel de Araújo, segunda figura do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), denuncia que está a ser perseguido por homens armados com a intenção de o matar.

Ouvido pela DW África, Araújo afirma que vive "um clima de muito medo” nos últimos dias, com pelo menos dois homens armados a persegui-lo "dentro e fora da província da Zambézia”.

Manuel de Araújo não revelou a identidade dos homens em causa, mas garante que sabe quem são as pessoas que o perseguem, "caso seja morto ou vítima de qualquer acção criminosa”.

Há já quem aponte a proximidade do edil de Quelimane ao líder da RENAMO como o motivo para a alegada perseguição do número dois do MDM. Manuel de Araújo é casado com uma sobrinha de Afonso Dhlakama.

Polícia promete esclarecer o caso

"Desde quarta-feira (22.09) que estão a seguir-me. Já conhecemos os dois homens. Foram detectados pelo meu sistema de segurança”, adianta o edil de Quelimane, acrescentando que já alertou "a polícia, o Governo da província e o Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE)”.

O porta-voz do Comando Provincial da Polícia da Zambézia, Jacinto Félix, afirma que não tem conhecimento da denúncia, mas garante que vão ser tomadas providências para esclarecer o caso.

26.09 Manuel de Araújo denuncia perseguição - MP3-Mono

Manuel de Araújo tornou-se presidente do Conselho Municipal de Quelimane pelo MDM, em 2013, através de eleições intercalares realizadas quando o anterior edil da FRELIMO, Pio Augusto Matos, se demitiu das funções.

Políticos, civis e polícias são alvo de ataques no país

A região centro de Moçambique tem sido palco de confrontos entre o braço armado do principal partido de oposição e as Forças de Defesa e Segurança, além de denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.

No ano passado, o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, escapou ileso a dois ataques à sua comitiva no centro do país, acabando por se refugiar, alegadamente, na Serra da Gorongosa, onde diz que se encontra atualmente.

Mais recentemente, a líder parlamentar da RENAMO, Ivone Soares, foi alvo de uma alegada tentativa de assassinato em Quelimane. Entretanto, a chefe da bancada do maior partido da oposição anunciou que apresentou queixa sobre o alegado atentado, mas a polícia moçambicana afirma que não recebeu nenhuma queixa de Ivone Soares, adiantando que não foi iniciada nenhuma investigação oficial.

Mosambik Parteien Ivone Soares von RENAMO
Ivone Soares, líder da bancada parlamentar da RENAMOFoto: RENAMO

Além de assassínios políticos, a atual onda de violência tem sido caracterizada por ataques a alvos civis e das Forças de Defesa e Segurança no centro e norte do país.

Vários dirigentes locais da FRELIMO, partido no poder, também têm aparecido mortos em ações que o Governo atribui ao braço armado da RENAMO.

O maior partido da oposição exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a FRELIMO de fraude no escrutínio.

O Governo e o principal partido de oposição retomaram há uma semana as negociações para a restauração da estabilidade no país, após um interregno de três semanas, a pedido dos mediadores internacionais.

 

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