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Liberdade de imprensaGuiné-Bissau

"O jornalismo livre na Guiné-Bissau está em risco"

Lusa
25 de abril de 2022

O jornalismo na Guiné-Bissau está em risco e em perigo e sob ameaças, diz a presidente do Sindicato de Jornalistas e dos Técnicos da Comunicação Social (Sinjotecs), Indira Baldé, em entrevista à agência de notícias Lusa.

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Foto: DW / Helena Ferro de Gouveia

"Está em risco. Não é segredo para ninguém", afirmou Indira Baldé, quando questionada pela agência de notícias Lusa sobre se o jornalismo na Guiné-Bissau está em risco.

"O jornalismo livre na Guiné-Bissau está em risco, mesmo a população sabe disso. Qualquer que seja a população da Guiné-Bissau, neste momento, dentro do país, sabe que o exercício do jornalismo livre na Guiné-Bissau está em perigo, sob ameaças", salientou.

Indira Baldé disse que há colegas que "temem ir fazer trabalhos em certos departamentos".

"Temos recebido essas queixas, preocupações, no sindicato. O que aconselhamos é que se sentir ameaçado não vai ao sítio fazer cobertura, mais nada. É a melhor forma de vencer o problema é evitar o problema", afirmou, salientando que ela própria recebeu ameaças quando a Rádio Capital foi destruída.

Guinea-Bissau Journalismus
Indira Baldé: "Temos recebido essas queixas, preocupações, no sindicato"Foto: DW/Braima Darame

Na sequência do ataque ao Palácio do Governo a 1 de fevereiro por um grupo de homens armados, a sede da Rádio Capital, em Bissau, foi também atacada e destruída por um grupo de homens armados. O ato provocou vários feridos.

Em 2020, a mesma rádio já tinha sofrido um ataque.

Várias organizações da sociedade civil guineense têm denunciado ataques à liberdade de imprensa na Guiné-Bissau.

Críticas aos jornalistas guineenses

Questionada sobre as críticas feitas ao trabalho dos jornalistas guineense, acusados de falta de isenção, Indira Baldé reconheceu haver dificuldades no setor e que a formação foi definida como prioridade pelo sindicato.

"É fundamental formar os profissionais da comunicação social e sem formação também não estamos a fazer o nosso trabalho. É verdade que há falhas, isto acontece com qualquer outra pessoa de qualquer outro ramo. O essencial é tentar fazer cada vez melhor", disse, salientando que realiza mensalmente o café jornalístico, um encontro entre jornalistas para fazer autocrítica, partilhar conhecimento e chamar a atenção a alguns colegas.

Três feridos no ataque a rádio privada em Bissau

A presidente do Sinjotec aponta também o dedo ao Governo e afirmou que a formação também deve ser responsabilidade das autoridades governamentais, lamentando a falta de aposta no setor desde a guerra de 7 de julho de 1998, o conflito político militar no país, que durou um ano.

"São essas coisas com que o Governo se devia preocupar. Formar os jornalistas, criar leis de proteção dos jornalistas e depois exigir e não fazer o contrário, é vergonhoso este papel do Governo", afirmou, referindo-se à ordem governamental de encerrar rádios que não pagassem as licenças.

Futuro do jornalismo na Guiné-Bissau

Sobre o que perspetiva para o futuro próximo do jornalismo na Guiné-Bissau, Indira Baldé disse que vai ser "mais crítico".

"No final do ano passado, perspetivava uma imprensa com menos turbulência, mas falhamos na perspetiva. Com os sinais demonstrados desde fevereiro a perspetiva é de grande dificuldade, vamos ter turbulência. Temos de estar preparados, porque a vida é feita de sacrifícios", afirmou.

"Quando acontecer qualquer coisa eles procuram os esconderijos, apanham aviões, mas nós é que ficamos aqui a andar do lado para o outro para mantê-los, mesmo onde estão escondidos, informados", disse.

Indira Baldé apelou também aos colegas para serem mais responsáveis, observarem o princípio do contraditório, a ética e a deontologia profissional.

"Procurar ser cada vez mais e melhor, fazer o nosso trabalho segundo a lei e distanciar as nossas amizades das nossas pretensões, porque se não conseguirmos essa distância nunca vamos ter um bom trabalho", salientou.

A presidente do Sinjotec pediu também isenção e para os jornalistas não serem juízes, porque esse é o trabalho dos tribunais.

"Somos jornalistas e o nosso trabalho é informar e educação a população guineense, que precisa", afirmou.

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