OMS anuncia pandemia de Covid-19
12 de março de 2020A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a doença Covid-19 uma pandemia devido a seus "níveis alarmantes de propagação e de inação", com aumento no número de casos, mortes e países atingidos. O surto detetado em dezembro na China já provocou mais de 4,5 mil mortos em todo o mundo.
O número de pessoas infetadas ultrapassou as 124 mil, com casos registados em 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 59 confirmados. Os casos deinfeção de coronavírus fora da China multiplicaram-se por 13 e as ocorrências em países afetados triplicaram em apenas duas semanas. Com o anúncio, o objetivo da organização é "estimular ações mais agressivas e intensas" contra a propagação do vírus.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse nesta quarta-feira (11.3) que a organização preocupa-se com os níveis alarmantes de propagação. "Avaliamos que o Covid-19 pode ser caracterizado como uma pandemia [...] e essa não é uma palavra que possa ser usada sem cuidados", alertou.
A itália é o país europeu mais afetado e, recentemente, quatro países registaram os primeiros casos: Bolívia, Jamaica, Burkina Faso e República Democrática do Congo - este último prestes a declarar o fim da epidemia de Ebola, iniciada em 2018.
Declaração de pandemia
"Com a declaração de uma pandemia, os países precisam preparar hospitais e postos de saúde, pois não será apenas um caso ou dois casos. Uma pandemia significa que os países precisam de métodos e hospitais em diversos territórios, e também que estejam prontos para lidar com os casos de coronavírus ", disse Marcos Espinal, diretor na Organização Pan-Americana da Saúde.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também ressaltou a importância da solidariedade entre nações para combate a disseminação. "A declaração desta quarta-feira é uma chamada à ação e um pedido de responsabilidade e solidariedade, com nações e pessoas unidas", disse Guterres.
Como medida para prevenir a propagação do novo coronavírus, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a suspensão de todos os voos oriundos de países da União Europeia, uma medida que entra em vigor sexta-feira (13.3) e durará ao menos 30 dias.
Após o anúncio, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que é preciso evitar a disrupção económica. A medida de Trump será avaliada pela União Europeia (UE).
"Após a suspensão de voos anunciadas pelo Presidente Donald Trump, vamos hoje avaliar a situação, [mas] a interrupção económica deve ser evitada", frisa Michel numa publicação feita esta madrugada através da conta rede social Twitter.
A Arábia Saudita também decidiu suspender temporariamente viagens de cidadãos e residentes no país e interromper voos para conter a disseminação do coronavírus. A decisão inclui voos da União Européia, Suíça, Índia, Paquistão, Sri Lanka, Filipinas, Sudão, Etiópia, Sudão do Sul, Eritreia, Quênia, Djibuti e Somália. A Arábia Saudita também suspendeu a entrada de pessoas provenientes destes países.
LAM deverá reduzir voos em Moçambique
Já em Moçambique, as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) também anunciou que deverá reduzir o número voos devido ao Covid-19. O país necessita de 4,2 milhões de euros para controlar um eventual surto do novo coronavírus, e parceiros internacionais sugerem que se usem fundos já existentes.
Em Angola, a consultora Capital Economicsantecipou uma recessão da economia de 3,5% este ano e uma queda de 18% no valor da moeda devido à descida do preço do petróleo na sequência do surto do novo coronavírus. O índice norte-americano Dow Jones Industrial fechou nesta quarta-feira com forte baixa, de 5,86%, após a declaração de pandemia pela OMS.
A partida de futebol entre o Paris-Saint Germain e o Borússia Dortmund na França foi realizada com portões fechados para evitar a propagação do vírus, mas fãs da equipa francesa pareciam não se importar. "Esquecemos tudo quando se trata de esportes. O coronavírus, tudo. Esquecemos tudo pelo amor ao clube". A última declaração de pandemia feita pela OMS ocorreu em 2009, devido à gripe H1N1.