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OMS: Falta vontade política para melhorar a Saúde

Privilege Musvanhiri | nn
31 de agosto de 2017

Vários líderes africanos recebem tratamento médico no estrangeiro: por exemplo, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos. Mas a Organização Mundial de Saúde alerta que é preciso melhorar a Saúde dos seus países.

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Foto: picture-alliance/dpa/Kenyatta National Hospital

Numa reunião com ministros da Saúde africanos em Victoria Falls, no Zimbabué, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) recordou um encontro que não esquece. "Visitei o Iémen e conheci uma mãe e a sua filha malnutrida, que tiveram de viajar quatro horas para chegar a um centro de saúde. A mãe implorou à equipa médica para tratar da filha", contou Tedros Adhanom Ghebreyesus aos delegados. "Este momento de sofrimento humano foi para mim um grito de alerta."

Esta imagem descrita pelo líder da OMS serviu de aviso aos ministros presentes. Segundo um estudo recente da organização, em África, há desigualdades no acesso à Saúde devido à falta de vontade política e à mobilização de poucos recursos financeiros para o setor.

Tedros Adhanom Ghebreyesus tenta, por isso, mobilizar os líderes africanos a melhorar os sistemas de saúde nos seus países para que eles sejam acessíveis a todos.

"A aposta na construção dos vários pilares do sistema de saúde é importante", disse aos ministros na quarta-feira (30.08). "Seja a infraestrutura ou os recursos humanos, a prestação de serviços ou os sistemas de informação, o acesso a medicamentos ou uma boa administração. Será importante usar estes fatores como indicadores e controlar a sua evolução para perceber se temos um sistema resiliente."

Tedros Adhanom Ghebreyesus ehem. Außenminister Äthiopien
Tedros Adhanom Ghebreyesus: "A aposta na construção dos vários pilares do sistema de saúde é importante"Foto: DW/T. Woldeyes

Tratamento médico no estrangeiro

As deficientes infraestruturas de saúde e a falta de tratamento especializado e medicamentos levaram vários líderes africanos a procurar cuidados médicos fora do continente.

O ministro sul-africano da Saúde, Aaron Motsoaledi, criticou os líderes que o fazem, argumentando que a prática afeta fortemente a distribuição do dinheiro público.

"Não gosto do facto de África ser o único continente neste planeta onde os chefes de Estado, quando estão doentes, procuram ajuda noutro país ou até noutro continente", comentou. "Isso não é um bom sinal. Só poderemos dizer que os sistemas de saúde em África funcionam se todos, incluindo os chefes de Estado, receberem tratamento no seu continente."

Não são raras as vezes em que é noticiado que vários chefes de Estado africanos, entre eles o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, o líder do Zimbabué, Robert Mugabe, e o chefe de Estado nigeriano, Muhammadu Buhari, se deslocam à Europa para receber tratamento médico.

José Eduardo Dos Santos
Presidente cessante, José Eduardo dos Santos, costuma deslocar-se a Barcelona, em Espanha, para receber tratamento médicoFoto: picture alliance/dpa/A.Ernesto

Cresce desigualdade no acesso à Saúde

O diretor regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, considera que a desigualdade no acesso à Saúde está a crescer na maior parte dos países à medida que aumenta o fosso social entre ricos e pobres.

"Com os objetivos de desenvolvimento sustentáveis adotados recentemente por todos os países, temos novas oportunidades para melhorar os cuidados de saúde e torná-los universais", afirmou Moeti. "Temos também de nos focar em sistemas de saúde resilientes, robustos, para todos - algo que não era destacado nos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio".

OMS: Falta vontade política para melhorar a Saúde

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, pede aos Governos africanos que destinem mais dinheiro ao setor da saúde, para prevenir doenças e, assim, poupar dinheiro.

"Temos de passar para uma abordagem voltada para os resultados", disse Ghebreyesus. "Temos de tentar medir o impacto", por exemplo, o número de vidas que se pode salvar.

Segundo o responsável, é preciso que os Governos honrem o compromisso assumido na declaração de Abuja de 2001 e reservem 15% dos seus orçamentos anuais para despesas com a Saúde.

Dezasseis anos depois, segundo as Nações Unidas, só um país cumpriu esse objetivo. 26 países aumentaram o financiamento para o setor da saúde e 11 diminuíram o montante alocado. Nos outros nove países, não houve nem subidas, nem descidas. 

47 ministros africanos da Saúde reuniram-se na 67ª sessão anual do comité regional da OMS, que começou na segunda-feira (29.08) e termina esta sexta-feira (01.09) no Zimbabué.

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