ONG acusa FRELIMO de recolher fotos de cartão de eleitor
12 de maio de 2023Numa denúncia que divulgou no seu boletim sobre o recenseamento para as eleições autárquicas de 11 de outubro, o CIP refere que o coordenador de uma zona de influência pedagógica (ZIP), agrupamento de escolas, no distrito de Milange, exigiu numa reunião que cada professor enviasse foto do cartão de eleitor, avisando os presentes no encontro para saberem votar no dia das eleições autárquicas.
"Depois de orientar o seu colega que estava a tomar notas para não escrever sobre este ponto, o coordenador da ZIP disse que todos os professores devem saber votar, para evitar represálias, a posteriori", lê-se no texto.
"Esquema"
O esquema seria uma espécie de recenseamento eleitoral paralelo usado recorrentemente pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e visa assegurar o voto no partido no poder.
De acordo com o CIP, o referido coordenador da ZIP em Milange afirmou que "a FRELIMO o criou supervisores clandestinos que reportam dados sobre membros do partido recenseados por dia, atividade que tem sido complementada pelo preenchimento do número de cartão nas listas do partido".
Contactada pela Lusa, a FRELIMO não se pronunciou sobre as alegações contidas na denúncia do CIP.
"Preocupação"
Na última semana, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) manifestou "muita preocupação com algumas situações anómalas" que têm sido reportadas durante o recenseamento para as eleições autárquicas de 11 de outubro.
A posição daquele órgão eleitoral consta de um balanço dos primeiros 17 dias do processo de registo de votantes.
"Acompanhamos com muita preocupação algumas situações anómalas não previstas na lei do recenseamento eleitoral, relatadas através dos órgãos de comunicação social e pelas redes sociais", referiu-se no documento.
O recenseamento eleitoral para as autárquicas de 11 de outubro termina no dia 03 de junho.