ONG alemã quer reduzir índice de analfabetismo em Moçambique
3 de outubro de 2017É fraca a mobilização para alfabetizar e educar adultos em Moçambique. Para combater esse problema, a organização não-governamental alemã Deutscher Volkshochschul-Verband (DVV Internacional) está a fomentar o ensino básico e a desenvolver atividades de geração de rendimentos para autossustento.
O professor Carlos Fortunato é voluntário e desdobra-se em esforços para ensinar os alunos a ler, escrever e fazer contas. "Foi um grande desafio ter que trabalhar com eles, mas a força de vontade de trabalhar foi maior. A abertura que eles tiveram permitiu que possamos produzir alguma coisa em conjunto", diz.
Até 2019, as autoridades governamentais moçambicanas querem reduzir o índice de analfabetismo para uma média nacional de 41%. Após 40 anos de independência, quase metade da população moçambicana (44,9%) é analfabeta.
Foi a pensar nisso que a DVV International introduziu um projeto integrado que se iniciou em duas províncias. Em Maputo, no sul de Moçambique, e Sofala, no centro, Augusto Macicane, daquela organização, não quer apenas dar a instrução mínima. "Mas também programas que ajudam as pessoas a ter autossustento. Especificamente, nestas duas províncias temos projetos na área da agricultura e de pequenos negócios", explica.
É desenvolvendo estas atividades integradas que se limita a desistência dos alfabetizandos. Conseguir utilizar o telemóvel também incentiva os estudantes. "As pessoas estão interessadas em saber mandar e ler uma mensagem do telefone. Mas, acima de tudo, as pessoas estão mais interessadas em ver as suas vidas melhoradas, através do saber fazer, por exemplo, na agricultura e pequenos negócios", afirma.
Parceria
A DVV International trabalha com o Ministério da Educação de Moçambique no apoio ao desenvolvimento curricular. "Para a formação de profissionais educadores de adultos, para criar condições mínimas para que as pessoas interessadas em trabalhar nesta área consigam alcançar esse objetivo", diz Augusto Macicane.
O Governo, por seu turno, refere que os programas desenvolvidos pela DVV International surtiram efeitos desejados. O chefe de Departamento de Organização e Gestão Escolar, Davide Uamusse, não tem dúvidas para os próximos três anos.
"Já elaborámos a estratégia de alfabetização e educação de adultos e o respetivo plano operacional. Desenvolvemos um plano de formação de educadores e capacitação de alfabetizadores e, neste momento, estamos a desenvolver um programa integrado que está a suprir um défice que tínhamos", observa.
A maior preocupação do executivo neste momento é elaborar programas adequados à realidade de cada meio onde está inserido o alfabetizando. "Direcionamos os programas na perspectiva de que eles sejam relevantes para as populações e que respondam aos seus anseios. Quer dizer, uma alfabetização que proporcione habilidades para melhor integrar-se na sociedade", acrescenta.
As províncias da Zambézia, no centro, e Nampula, no norte, são as mais populosas de Moçambique e oconcentram o maior número de centros de alfabetização. No entanto, é também onde se registam as mais elevadas taxas de analfabetismo.