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ONG suspendem resgate devido à insegurança no Mediterrâneo

Lusa | tms
13 de agosto de 2017

Organizações temem situação de insegurança no Mediterrâneo e "explicito tratamento contra as ONG" por parte dos guardas costeiros líbios. Entre as ONG está a alemã Sea Eye.

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Embarcação da ONG alemã Sea Eye durante resgate de migrantes, em maio deste ano Foto: picture alliance/dpa/NurPhoto/C. Marquardt

As restrições da Líbia à assistência humanitária e a insegurança na zona levaram este domingo (13.08) a que mais duas organizações não governamentais suspendessem as operações de resgate de migrantes no Mediterrâneo, depois de uma primeira organização já o ter feito. 

As organizações não governamentais (ONG) Sea Eye e a Save the Children anunciaram que suspenderam estas operações, após os Médicos Sem Fronteiras também terem cancelado no sábado os resgates a bordo do navio "Prudence", devido à insegurança e às "restrições à ajuda humanitária" por parte da Líbia.

A Sea Eye, uma organização alemã que tem dois barcos de bandeira holandesa, disse que vai suspender temporariamente a sua missão, tendo em conta "a mudança da situação de segurança no Mediterrâneo ocidental" e o "explícito tratamento contra as ONG" por parte dos guardas costeiros líbios.

A Save the Children anunciou "com pesar" que a sua embarcação "Vos Hestia" vai permanecer atracada em Malta "à espera de compreender se há condições de segurança para retomar as operações", atendendo à "situação preocupante" que se verifica naquele país do norte de África.

A preocupação destas ONG prende-se essencialmente com a intenção do Governo de Unidade de Trípoli, que controla uma pequena parte do país, de estabelecer a sua própria zona de busca e resgate de imigrantes.

Deutschland Rettungsschiff von Sea-Eye "Seefuchs" in Dienst gestellt
Sea Eye alerta para o "explícito tratamento contra as ONG" no MediterrâneoFoto: picture alliance/dpa/dpa-Zentralbild/S. Sauer

Planos da Líbia

A confirmar-se, isto fará com que a Líbia amplie as suas competências marítimas por mais 12 milhas, além do espaço das suas águas, "empurrando" assim para mais longe as ONG que procediam ao resgate destas pessoas em águas internacionais.

Até agora, desconhecem-se os planos deste país norte-africano e a distância em que pretende aumentar a zona de busca e resgate, temendo-se que alargue o seu controlo até 70 milhas além da linha costeira, o que já aconteceu no período em que o país era governado pelo ditador Muammar Kadhafi.

Com os anúncios de deste domingo, sobe para quatro o número de ONG cujas embarcações de resgate e salvamento de migrantes estão paradas, se se contar com o barco "Iuventa", que foi confiscado à alemã Jugend Rettet a 2 de agosto, numa altura em que a justiça italiana investiga alegados contatos mantidos com a máfia.

Por enquanto, outras organizações confirmaram que vão continuar com as suas missões, nomeadamente a Proactiva e a SOS Méditerranée.

O fluxo migratório até Itália, em geral com origem na Líbia, continua em baixa: no ano terminado na passada sexta-feira desembarcaram neste país europeu 96.930 imigrantes, menos 3,86% do que há um ano, segundo o Ministério da Administração Interna italiano.