Relatório: ONU acredita que Hamas cometeu violações
5 de março de 2024A representante especial da ONU para a Violência Sexual em Conflitos, Pramila Patten, afirmou, num novo relatório, que existem "motivos razoáveis" para acreditar que o Hamas cometeu violações, "tortura sexualizada" e outros tratamentos cruéis e desumanos contra mulheres durante o ataque surpresa no sul de Israel, a 7 de outubro.
Há também "motivos razoáveis para acreditar que essa violência pode estar em curso", disse Pramila Patten, que visitou Israel e a Cisjordânia de 29 de janeiro a 14 de fevereiro com uma equipa técnica de nove elementos.
Com base em relatos de reféns libertados, a equipa "encontrou informações claras e convincentes" de que algumas mulheres e crianças, durante o cativeiro, foram sujeitas às mesmas formas de violência sexual relacionadas com o conflito, incluindo violações e "tortura sexualizada".
Patten sublinhou no lançamento do relatório, que a visita da equipa não se destinava a investigar alegações de violência sexual, mas a recolher, analisar e verificar informações para o relatório anual do Secretário-Geral António Guterres sobre violência sexual em conflitos e para o Conselho de Segurança da ONU.
Segundo a responsável, a equipa não conseguiu encontrar-se com nenhuma vítima de violência sexual "apesar dos esforços concertados para as encorajar a apresentarem-se". Embora o número de vítimas permaneça desconhecido, disse, "um pequeno número das que estão a ser tratadas está alegadamente a sofrer de graves perturbações mentais e traumas".
Hamas nega acusações
Esta terça-feira (05.03) o Hamas negou ter cometido crimes de violência e abuso sexual contra mulheres.
“Rejeitamos veementemente o relatório emitido pela funcionária da ONU Patten”, afirmou a organização islamita palestiniana num comunicado citado pela agência espanhola EFE.
“O relatório, que não fornece qualquer testemunho, baseia-se em instituições israelitas, soldados e testemunhas escolhidos pelas autoridades de ocupação para provar esta falsa acusação”, denunciou o Hamas.
Segundo o grupo extremista, o relatório da ONU “surge após tentativas falhadas dos sionistas de provar estas alegações sem fundamento”.
O Hamas disse também que Israel tentou encobrir um relatório da ONU “com provas conclusivas de que houve claras violações dos direitos humanos contra mulheres e raparigas palestinianas por parte dos soldados sionistas”.
Alegou ainda que algumas das mulheres libertadas durante a trégua observada em novembro passado afirmaram terem sido bem tratadas durante o cativeiro na Faixa de Gaza.