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ONU vai continuar a garantir segurança a Aristides Gomes

Lusa
11 de dezembro de 2020

A representante do secretário-geral da ONU assegura que as Nações Unidas continuarão a garantir a segurança do ex-primeiro-ministro guineense Aristides Gomes, refugiado na sede da missão política no país há vários meses.

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Foto: Präsidentschaft von Guinea-Bissau

"As Nações Unidas têm o papel de proteger as pessoas que se sentem ameaçadas no seu país ou no contexto em que vivem", afirmou Rosine Sori-Coulibaly, em entrevista à Lusa por ocasião do encerramento do Gabinete Integrado para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), no próximo dia 31.

Segundo a responsável, Aristides Gomes era primeiro-ministro da Guiné-Bissau e estava sob a proteção da ECOMIB, força de interposição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que se retirou do país. 

"Ele sentiu a sua segurança ameaçada e pediu a proteção das Nações Unidas. É o nosso papel e não é a primeira vez, na realidade, que na Guiné-Bissau e em outros lugares, damos proteção aos que pensam que há risco para a sua vida ou para os seus direitos", afirmou Rosine Sorri-Coulibaly.

Guinea Bissau | UN Guinea Bissau Vertreterin - Rosine Sori-Coulibaly
Rosine Sori-Coulibaly: "ONU tem o papel de proteger as pessoas"Foto: UNIOGBIS

A representante do secretário-geral da ONU em Bissau afirmou também que dar proteção a Aristides Gomes faz parte da missão das Nações Unidas e não é um problema. "A missão UNIOGBIS vai encerrar, mas as Nações Unidas permanecem. Se alguém está sob a proteção das Nações Unidas, as Nações Unidas ficam e a proteção vai continuar", salientou.

"Esperamos que o problema se resolva de boa maneira, respeitando a lei do país, mas também os direitos daquela pessoa, e no âmbito do nosso programa de luta e proteção dos direitos humanos vamos continuar a trabalhar", afirmou.

Defesa queixa-se de "perseguição política"

O antigo primeiro-ministro da Guiné-Bissau Aristides Gomes está refugiado na missão da UNIOGBIS há vários meses, na sequência da sua demissão do cargo pelo atual Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, e depois de a sua residência, em Bissau, ter estado cercada pelas forças de segurança, enquanto estava sob proteção da Ecomib.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou em outubro que há dois processos no Ministério Público em que Aristides Gomes consta como suspeito e que quer ouvi-lo, tendo enviado notificações para a Uniogbis, sem ter recebido qualquer resposta.

Aristides Gomes está impedido de sair do país, depois de o Ministério Público ter imposto a medida de coação de obrigação de permanência no território nacional.

Os advogados de Aristides Gomes afirmam que o Ministério Público não tem nada contra o antigo primeiro-ministro e acusam a Procuradoria-Geral da República de "perseguição política".

A UNIOGBIS realiza esta sexta-feira (11.12) a cerimónia de encerramento da missão, em 31 de dezembro, mas várias agências das Nações Unidas vão continuar a trabalhar na Guiné-Bissau.

"Se Aristides Gomes sair da ONU corre o risco de vida"