Opiniões sobre as eleições angolanas divergem em Cabinda
3 de abril de 2017As eleições previstas para agosto em Angola estão a dividir as opiniões em Cabinda. Votar ou não votar? Valerá a pena participar no ato eleitoral? A atual situação política tem levado muitas pessoas a colocar algumas reticências, ao mesmo tempo que os independentistas da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) têm apelado às populações para que não vão às urnas.
A DW África quis saber o que pensam fazer os cidadãos de Cabinda nas próximas eleições. Custódio Maria afirma ter intenção de ir votar. "Tenho que votar uma vez que o voto é que faz com que a gente escolha o Presidente ou o partido que vai comandar ou governar o nosso país", explica. Uma opinião também partilhada por Manuel que, em entrevista à DW África, afirmou: "(acho que devo) votar para que haja melhorias no país, mais empregos para os jovens, melhorias nas estradas, ruas, luz, e muito mais. (Tudo o) que todo o jovem sonha para o seu país". Já Amélia Tati confessa ter feito o registo, mas não saber ainda se irá votar. "Tenho visto que podemos votar mas não há melhorias no nosso país e na nossa província", critica.
"Abstenção acentuada" em agosto?
Raúl Tati, antigo vigário-geral da diocese de Cabinda, acredita que a ida às urnas, em agosto, será marcada por uma abstenção acentuada. Para também académico e ativista cívico, os apelos ao boicote eleitoral que a FLEC tem lançado também podem contribuir para afastar as pessoas das urnas.
"Estamos em 2017, creio que a FLEC não terá a mesma chance que teve em 1992, quando conseguiu mesmo boicotar as eleições em Cabinda. Estamos numa situação diferente, mas a verdade é que a FLEC é uma voz que muitos ainda escutam e se continuar a insistir nesses apelos é bem provável que alguma boa franja da população vá ao seu encontro", afirmou.
Os independentistas da FLEC também pediram às populações de Cabinda para denunciarem a compra de votos e o registo ilegal de estrangeiros para votarem no território.