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Cabo-Verde: Oposição critica candidatura à CEDEAO

Lusa | mjp
17 de dezembro de 2017

A líder da oposição cabo-verdiana, Janira Hopffer Almada, considera que faltou estratégia e mobilização a Cabo Verde na corrida à presidência da comissão da CEDEAO, que o país perdeu para a Costa do Marfim.

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Janira Hopffer Almada, presidente do PAICVFoto: DW/N. dos Santos

Apesar de estatutariamente ser a vez de Cabo Verde assumir a presidência rotativa da comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), os chefes de Estado e de Governo da organização, reunidos no sábado, em Abuja, Nigéria, apoiaram a candidatura da Costa do Marfim, num processo repudiado pelas autoridades cabo-verdianas.

"Neste processo terá faltado, infelizmente e antes de tudo, um tratamento com sentido de Estado de tão importante matéria. Nem o dossier teve, em tempo, o tratamento de Estado que se impunha, nem o próprio Estado estruturou e preparou uma candidatura do país, e, muito menos, delineou uma estratégia para garantir a presidência", sustentou Janira Hopffer 

A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) afirmou tratar-se de "uma grande derrota para Cabo Verde, agravada pelo facto de o país ter assumido, por diversas vezes, a sua intenção de reforçar a integração regional".

"Forças vivas” ausentes dos preparativos

ECOWAS-Gipfel in Abuja, Nigeria
Líderes da CEDEAO reunidos em Abuja, na NigériaFoto: Präsidentschaftsbüro Kap Verde

Janira Hopffer Almada criticou a falta de envolvimento e mobilização das "forças vivas da Nação", na preparação da candidatura.

"Em nenhum momento, os cabo-verdianos sentiram que Cabo Verde tinha uma candidatura, enquanto Estado, e talvez por isso mesmo não se tenha sentido nenhum esforço de mobilização [...]. Não se procurou, o necessário e imprescindível envolvimento de personalidades que têm um profundo conhecimento da região e, muito menos, se procedeu a auscultações para se apresentar uma candidatura que mobilizasse o país", sublinhou.

Cabo Verde manifestou a intenção de assumir a presidência da comissão da CEDEAO, mas não chegou a apresentar qualquer nome para protagonizar a candidatura, tendo surgido, no entanto, várias manifestações públicas individuais de interesse no lugar.

"Não se investiu na envolvência de todos - incluindo antigos presidentes da república, antigos primeiros-ministros e antigos ministros de Negócios Estrangeiros - para criar uma corrente única de defesa dos interesses do país, na sua máxima força e aproveitando todas as capacidades, a todos os níveis", sublinhou a presidente do PAICV.

"E, sem uma vontade nacional, com uma ausência visível de estratégia delineada em tempo, os princípios da previsibilidade e da solidariedade não funcionaram. Ficou provado que, numa matéria de tamanha importância, que poderia garantir um salto qualitativo em matéria de integração regional, o país não fez o seu 'trabalho de casa'", acrescentou.

Derrota para a CEDEAO, diz chefe da diplomacia

Jorge Carlos Fonseca, Präsident von Kap Verde
Jorge Carlos Fonseca na cimeira da CEDEAOFoto: Präsidentschaftsbüro Kap Verde

O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares, repudiaram a forma como a eleição decorreu e atribuíram a derrota do país a "arranjos políticos".

O facto de o país ter dívidas à organização terá sido usado como argumento para a decisão, apesar dos esforços de Cabo Verde em negociar o pagamento das quotas em atraso.

Para o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares, foi "uma derrota para a CEDEAO, não para a diplomacia cabo-verdiana nem para Cabo Verde".

O chefe da diplomacia cabo-verdiana, sublinhou que Cabo Verde respeitou todos os procedimentos e regras da comunidade, considerando que as dívidas de cerca de 25 milhões de dólares não eram motivo para o país ser excluído da presidência, que segundo os estatutos é rotativa e segue a ordem alfabética. 

"Até novembro todos os países devem, incluindo a Costa do Marfim. Todos devem e todos estão a negociar o pagamento. Cabo Verde não é, de perto nem de longe, aquele que mais deve, há países que devem mais de 400 milhões de dólares. Cabo Verde pagou as quotas de 2017 e o compromisso que assumimos com a comissão da CEDEAO foi de pagarmos os atrasados em cinco prestações, proposta que foi aceite. Do ponto de vista legal tudo estava do lado de Cabo Verde", disse.

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