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Oposição manifesta-se contra resultados eleitorais na RDC

13 de dezembro de 2011

Na RDC cresce a resistência aos resultados das presidenciais. O partido de Tshisekedi convocou manifestações pacíficas e o terceiro colocado, Vital Kamerhe, apresentou recurso no tribunal contra a vitória de Kabila.

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Antes das manifestações, opositor Etienne Tshisekedi declarou-se vencedor das presidenciais, algo contestado pelo governo do RDCFoto: AP

Uma marcha da oposição para protestar contra os resultados da eleição presidencial na República Democrática do Congo, RDC, reuniu cerca de quinhentas pessoas em Bukavu, no leste do país, nesta terça-feira (13.12). A manifestação foi dispersada pela polícia sem maiores incidentes, segundo relato da agência noticiosa France Presse.

A marcha pacífica foi convocada por vários partidos da oposição, incluindo a União pela Nação Congolesa, UNC, presidida pelo também opositor Vital Kamerhe. Este obteve 8% dos votos segundo resultados divulgados na última sexta-feira (09.12) pela Comissão Eleitoral Nacional Independente, CENI, e ficou em terceiro lugar.

Assim como o segundo colocado, Etienne Tshisekedi, que rejeitou os resultados e se autoproclamou presidente da RDC na sexta-feira (09.12), Vital Kamerhe também não acha credíveis os números que reelegeram o presidente Joseph Kabila com 49% dos votos.

Kamerhe apresentou na segunda-feira (11.12) um recurso ao Tribunal Supremo de Justiça do país, justificando que esta ação foi realizada em nome de toda a oposição congolesa, após reunião com outros membros da oposição.

Oposição apresenta recurso

Protestmarsch von Paris nach Brüssel gegen Vergewaltigung in der Demokratischen Republik Kongo quer
A contestação as eleições na RDC aconteceram mesmo antes da sua realização. Em Paris e Bruxelas os congoleses sairam às ruas por considerarem-nas uma violaçãoFoto: DW

Em entrevista à redação de língua francesa da Deutsche Welle, o terceiro classificado disse que quer uma revisão dos resultados eleitorais, com as seguintes intenções: "Queremos nos mostrar legalistas, e pacifistas. Porque isso fará com que haja uma pequena pausa para permitir que a mediação internacional, ou um órgão nacional independente, restabeleça a trajetória dos resultados que foram publicados, para que a verdade e a vontade do povo congolês triunfem".

A redação suaíli da Deutsche Welle falou com Ribence Mikindo, presidente do UDPS em Goma, leste da RDC. Ele reiterou o caráter pacífico das manifestações, mas acusou o presidente da CENI, Daniel Ngoi Mulunda, de ter favorecido o presidente Joseph Kabila. Mikindo justifica que "por isso, devemos continuar a rejeitar os resultados. Mas não queremos provocar violência ou combater alguém."

ONGs não carimbam as eleições

Demokratische Republik Kongo Stadt Kinshasa Straße Straßenszene
Uma rua de Kinshasa, a capital da RDC. Esta é considerada a "casa" de Tshisekedi, por isso logo depois das eleições muitos citadinos fugiram temendo violênciasFoto: flickr/kaysha

Também as organizações internacionais, como centro norte-americano Carter de defesa dos direitos humanos, contestam os resultados da CENI. O Centro Carter avaliou, num relatório, que os resultados que deram vitória a Kabila não tinham credibilidade.

Um dos responsáveis deste centro disse à Deutsche Welle durante o fim de semana que houve irregularidades, porque resultados de 2 mil locais de votação desapareceram em Kinshasa, a capital. Além disso, a participação eleitoral num local de votação teria sido de quase 100% - e todos os eleitores votaram em Kabila, o que o Centro Carter vê como indício de manipulação.

O Centro Carter também constatou que, em distritos com maioria de apoiantes para o opositor Etienne Tshisekedi, a participação eleitoral foi muito abaixo da média. Além disso, milhares de boletins teriam desaparecido – algo que poderia ter rendido cerca de 700 mil votos em todo o país a Etienne Tshisekedi.

As violências que se seguiram à divulgação dos resultados eleitorais, segundo a polícia, mataram cerca de quatro pessoas no país durante o fim de semana.

Autor: Renate Krieger
Edição: Nádia Issufo/ António Rocha