Ossufo Momade: "Estamos preparados para vitória retumbante"
27 de julho de 2018O líder interino da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade, não tem dúvidas: o maior partido da oposição vai vencer as eleições autárquicas de 10 de outubro.
Numa conversa exclusiva com a DW África, Momade fala da polémica em torno da "fuga de quadros proeminentes" do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) para a RENAMO, afirmando que é natural receber de braços abertos os filhos que voltam para casa e querem ajudar o partido a vencer as eleições.
Depois das eleições, diz o líder interino, será altura para eleger o sucessor oficial de Afonso Dhlakama.
DW África: Especulou-se sobre uma possível coligação entre a RENAMO e o MDM. Porque é que ela não vingou?
Ossufo Momade (OM): Eu não sei quem é que havia falado, mas do nosso lado nunca houve essa intenção. Nunca tivemos a intenção de nos coligarmos com o MDM, o partido nunca falou sobre isso.
DW África: A RENAMO não pondera coligar-se com outras forças para ficar mais forte e conseguir mais facilmente alcançar os seus objetivos?
OM: Não, isso vai depender dos próprios órgãos do partido. Neste momento, está a falar com um membro da RENAMO que é coordenador da Comissão Política - não posso adiantar nada em relação a isso. Só depois de um encontro do coletivo pode sair uma posição adequada em relação a esse propósito.
DW África: A RENAMO está a desfalcar o MDM, tirando os seus mais proeminentes quadros, e não só. Porque é que optou por esta estratégia?
OM: As pessoas é que aparecem, voltam para casa. Quando um filho volta para casa, é um bom filho, recorda-se do pai. Nós recebemos com as duas mãos. A estratégia do partido é colocar as pessoas nos lugares próprios, que possam ajudar o partido a ir para a frente. Todo o partido quer progredir e a progressão é a vitória em qualquer eleição.
DW África: O facto de a RENAMO ter ficado fora das corridas autárquicas nos últimos anos foi determinante para apostar em figuras bem aceites, experientes neste tipo de corrida eleitoral?
OM: Esses que entraram no MDM – porque alguns apostaram no MDM, uma vez que a RENAMO não tinha concorrido – agora, com a possibilidade de a RENAMO concorrer a estas eleições em outubro, pensam que o único partido que pode garantir a vitória é a RENAMO. Por isso, eles próprios voltaram para casa. Temos confiança na vitória nas autarquias. Sabe-se muito bem que a maioria que está no MDM é da RENAMO. Agora, quando um filho volta para casa, nunca é chutado. Por isso, apostamos nos quadros que ontem estavam na RENAMO e hoje voltaram. O partido não teve outra opção a não ser confiar neles na liderança das listas do partido.
DW África: O que espera das autárquicas de outubro?
OM: A vitória. Espero a vitória, na medida em que estamos preparados para uma vitória retumbante em várias autarquias. Essa vitória vai-nos conduzir a uma vitória em 2019.
DW África: E se tal não acontecer?
OM: Vai acontecer. Temos a máxima certeza. A FRELIMO tentou boicotar a sessão extraordinária [no Parlamento, para debater a legislação eleitoral] porque estava a ver-se numa situação complicada.
DW África: Substitui um líder carismático e bem aceite, tanto na ala política como na ala militar. Foi também bem aceite nas duas correntes quando foi indicado para o cargo que ocupa atualmente?
OM: É difícil responder, na medida em que eu fui eleito através da Comissão Política e, neste momento, estou sediado onde estava o líder, na serra da Gorongosa. A eleição foi na parte política e hoje estou a conviver com aqueles que sempre conviveram com o presidente - a ala militar. Resta-me saber... (risos) é uma pergunta complexa.
DW África: Quando será eleito ou indicado definitivamente o líder da RENAMO?
OM: Neste momento, temos uma preocupação: as eleições autárquicas. As atividades políticas estão a decorrer normalmente. Depois dessas eleições, pensamos realizar o congresso e é daí que vai sair o presidente do maior partido da oposição.
DW África: Quando é que planeia sair da Gorongosa?
OM: A minha saída será depois da conclusão de todo o processo de integração das forças residuais da RENAMO [nas Forças de Defesa e Segurança] e desmobilização daqueles que não vão poder estar na polícia.