Pais de Lichinga constroem escolas para encurtar distâncias
12 de julho de 2023Pais e encarregados de educação meteram mãos à obra e estão a construir três salas de aula que funcionarão como anexos à Escola Básica 23 de Setembro, no distrito de Lichinga.
As novas salas ficam no bairro de Nangala, a três quilómetros de distância da escola, e estão mais perto das residências dos alunos.
"Muitas crianças não têm indo estudar devido à distância e, quando chega o tempo chuvoso, não conseguem atravessar o rio Nangala. É por isso que muitas crianças não estudam", explica Pedro Saide, chefe da unidade comunal de Nangala.
Por isso, tiveram a ideia de "fazer uma associação e construir três salas anexas, que correspondem aos alunos da primeira, segunda e terceira classes."
Pais aliviados
A ideia é, numa primeira fase, acolher trezentas crianças, divididas em dois turnos. Os moradores estão a terminar a construção.
Esmina Júlio, mãe e moradora da comunidade de Nangala, diz estar aliviada com a iniciativa, tendo em conta os perigos que as crianças correm no caminho para a escola: "Como mães, gostamos dessa iniciativa, porque as crianças estavam a sofrer."
Os residentes de Nangala contribuíram com material para a construção das salas. A edilidade da cidade de Lichinga ajudou com carteiras e chapas de zinco para a cobertura, conta o edil Luís Jumo.
"Já estamos a mobilizar as chapas e estamos a contactar alguns parceiros para terminarmos o trabalho que foi iniciado com os nossos munícipes na unidade comunal de Nangala", acrescenta o autarca.
Além disso, o Conselho Municipal tem prestado apoio no processo de legalização das salas. "Em coordenação com o Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia de Lichinga damos o suporte na legalização da escola, para que, num futuro próximo, as crianças comecem a estudar", explica o edil.
Contratação de professores
Segundo Luís Jumo, a contratação e o pagamento dos docentes que irão lecionar nas salas anexas de Nangala ficará a cargo do Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia.
Não se sabe ainda quando será dada "luz verde" para começar a lecionar nas salas. O edil acrescenta que a zona de Nangala é relativamente nova e carece ainda de serviços básicos.
De acordo com Luís Jumo, foram instalados recentemente candeeiros de iluminação pública e ainda decorrem trabalhos de mobilização de recursos para construir um centro de saúde e um posto policial.
Esmina Júlio refere que a comunidade precisa urgentemente desses serviços, mas salienta que é o Estado que deve pagar e não os residentes, com o seu dinheiro privado.
"Estamos a pedir para que seja construída uma maternidade e um posto policial, porque este bairro aqui é grande", sublinha a moradora de Nangala.