Coronavírus: PALOP buscam alternativas após suspensão da ITB
4 de março de 20202019 foi um bom ano para o turismo em Moçambique. "As entradas, as chegadas de turistas foram superiores e isso permitiu e incentivou os investidores a apostarem mais neste destino Moçambique para fazerem os seus investimentos", garante Nuno Fortes, diretor de Investimentos do Instituto Nacional do Turismo (INATUR).
Os bons resultados devem-se a medidas tomadas pelo Governo, que tornou o turismo uma das áreas prioritárias para a governação, definiu cinco destinos estratégicos para a atração e o desenvolvimento do setor – nomeadamente Maputo, Vilanculos na província de Inhambane, o Parque Nacional da Gorongosa no centro, a costa da província nortenha de Nampula e a Reserva do Niassa, também no norte do país – e não só.
"Neste momento, qualquer turista já pode ter o visto de fronteira. Portanto, não precisa vir do seu país com o visto para entrar em Moçambique, pode tirar o visto aqui nos nossos aeroportos", descreve.
"O Governo também fez a abertura do espaço aéreo. Ou seja, hoje em dia, qualquer companhia aérea que queira voar para Moçambique ou parar em Moçambique tem condições e está livre para o fazer. Eram coisas que há algum tempo eram praticamente impensáveis", diz Nuno Fortes.
Há vários anos, o país participa na ITB, a Feira Internacional de Turismo de Berlim, que deveria arrancar esta quarta-feira (04.03), mas foi cancelada para prevenir a propagação do coronavírus. Nuno Fortes diz que tanto o Governo moçambicano como os investidores privados que acompanhariam a delegação em Berlim, apoiam a medida.
"Quando consultei, todos foram unânimes em dizer que foi melhor assim - mesmo sabendo que tinham possibilidade de fechar um negócio. Mas essa questão do coronavírus preocupa toda a gente", avalia.
De acordo com o diretor de Investimentos do INATUR, o impacto do coronavírus para o turismo é certo. "O turismo vai se ressentir em todo o mundo. Os asiáticos são das pessoas que mais viajam em todo o mundo e, com esta situação, isso vai reduzir drasticamente", considera o responsável.
Para amenizar possíveis efeitos negativos que a ausência na ITB possa gerar, Moçambique pretende investir ainda mais noutras formas de contato com investidores e operadores internacionais. "Vamos trazer os operadores de turismo e jornalistas para visitarem o nosso país, para poderem vender e elevar a imagem positiva para fora do país. E, em maio, temos a feira do Indaba na África do Sul, que é a maior feira de turismo da África Austral", enumera Nuno Fortes.
Cabo Verde e as ferramentas digitais
Também Francisco Martins, diretor-geral do Turismo e Transportes Aéreos de Cabo Verde, reage com compreensão ao cancelamento da ITB.
"Os motivos são plenamente compreensíveis e têm uma razão lógica que é proteger, acima da tudo, a saúde das pessoas", argumenta.
Francisco Martins reconhece a lacuna deixada pelo cancelamento da Feira Internacional de Turismo de Berlim, principalmente em termos de contatos pessoais, mas garante que seu país encontrará alternativas para garantir a promoção de Cabo Verde.
"Pode haver aqui uma ligeira descontinuidade em termos de contatos. Mas hoje, com as ferramentas digitais que existem, isto será colmatado através de novas campanhas digitais", considera Francisco Martins.
O diretor-geral do Turismo e Transportes Aéreos de Cabo Verde espera que todos países se empenhem no combate ao coronavírus. "Seguir as recomendações das organizações internacionais, nomeadamente da Organização Mundial de Saúde, para que o vírus não circule de uma forma intensa pelos quatro cantos do mundo", apela.
"O turismo, se sofrer algum retrocesso com a presença do vírus, vai ser em todos os países", conclui Francisco Martins. O país manteve a tendência de crescimento do setor em 2019, não apenas em termos de entradas como também de ocupação das acomodações, afirma Martins.
"Notou-se que, de facto, há cada vez mais um conhecimento dos turistas a nível mundial de Cabo Verde. Tem-se revelado um grande ativo para Cabo Verde a nossa estabilidade democrática, social e também de segurança ao nível do país", considera.
São Tomé e Príncipe mantém foco na Alemanha
São Tomé e Príncipe contabiliza resultados com a constante participação na ITB e consequente divulgação do destino na Alemanha, revela o diretor-geral do Turismo no país.
"Neste momento, a Alemanha consta dos cinco principais mercados emissores de turistas para São Tomé e Príncipe", revela Hugo Menezes.
"Isto é o resultado de um trabalho que tem vindo a acontecer já há algum tempo, que é a divulgação de São Tomé e Príncipe no mercado alemão. Temos vindo a conhecer um crescimento notório do número de visitantes provenientes da Alemanha", avalia.
Hugo Menezes diz ainda que, nesta ITB, o país pretendia "reforçar essa posição que temos vindo a alcançar com a Alemanha". O impacto do cancelamento da Feira Internacional de Turismo de Berlim será grande para o arquipélago, acrescenta.
"Não tendo tido a oportunidade para voltarmos a fazer a divulgação de São Tomé e Príncipe no mercado alemão, é certo que isto terá um impacto negativo no crescimento que estávamos a preconizar ao nível do mercado alemão para este ano", avalia.
Em 2019, o arquipélago registou um "ligeiro" crescimento de 2,4% no turismo, em relação a 2018 - "o que correspondeu a algo como 34.900 turistas a mais", conta o diretor-geral do Turismo de São Tomé e Príncipe, acrescentando que "deste crescimento, verificamos que dos mercados que mais despontaram é precisamente o mercado alemão".
Para que não haja retrocesso, Hugo Menezes pretende reforçar as ações de divulgado país. "A recepção de jornalistas alemães que vão a São Tomé e Príncipe e produzem artigos sobre o destino, ações puntuais de visitas ao destino de operadores turísticos de modo a podermos apresentar o destino também deverão aconteceruma vez que não tivemos a ITB este ano e reforçar a nossa divulgação ao nível da internet", descreve.
Cerca de dez mil expositores e 160 mil visitantes de todo o mundo eram esperados nesta edição da ITB.