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Papa Bento XVI rezará por paz e justiça no Benim, berço do "voodoo"

17 de novembro de 2011

Líder da igreja católica chega na sexta-feira (18.11) ao Benim famoso pela religião com vários deuses. Naquele país da África ocidental um em cada quatro cidadãos se diz católico.

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Crença "voodoo" está muito espalhada no Benim, conhecido como berço da religião
Crença "voodoo" está muito espalhada no Benim, conhecido como berço da religiãoFoto: Fotolia/fergregory
Todos os anos, a praia de Ouidah, no Benim, é palco do maior festival "voodoo" da África Ocidental
Todos os anos, a praia de Ouidah, no Benim, é palco do maior festival "voodoo" da África OcidentalFoto: Katrin Gänsler

Em redor da Igreja de São Miguel, na cidade sede do governo, Cotonou, decorrem os preparativos para a vista do Papa Bento XVI. As provas do coro são intermináveis. O diretor do coro, Nicolas de Dravo, não esconde a sua alegria pela visita do Sumo Pontífice no fim-de-semana – Bento XVI ficará no Benim por três dias: "Já é a terceira visita de um Papa ao Benim. Outros países só receberam o Papa uma vez. Mas esta terceira visita é muito importante".

Um em cada quatro dos nove milhões de habitantes do Benim afirma-se católico. Mas foi outra religião que tornou o país famoso.

O Benim é o berço do Voodoo. Esta crença antiga e tradicional está muito espalhada e tem semelhanças com a mitologia germânica. Há um deus principal, que tem muitos filhos. Sobretudo nas pequenas aldeias piscatórias ao longo da costa fora erguidos inúmeros altares a estes deuses e regularmente celebram-se rituais nas praias. A estatística aponta para 18% de aderentes do voodoo no Benim.

Duas religiões inseparáveis

Em cidades como Ouidah percebe-se o quanto o voodoo e o cristianismo são inseparáveis neste país. No domingo (20.11), o Papa Bento XVI celebra uma missa na grande Basílica. É improvável que, em seguida, visite o templo do píton, a escassos cem metros da igreja. Hoje o templo é mais uma atração turística, mas ao mesmo tempo é um símbolo da cultura voodoo.

Segundo a lenda, em tempos passados as cobras salvaram a cidade de um assalto. No século XIX, os representantes da igreja voodoo autorizaram missionários ocidentais a estabelecerem-se no local, desde que partilhassem de uma refeição ritual voodoo, ao que os padres anuíram: "Os sumos sacerdotes até enviaram mão-de-obra para ajudar a construir a igreja. Esta é a única igreja na África Ocidental que fica mesmo ao lado de um templo voodoo", explica Moise Toffon, guia turístico no local.

Mas, apesar da coexistência pacífica, a igreja cristã também tem os seus críticos, como o sacerdote voodoo Dah Aligbonen. Nas cerimónias que realiza com frequência no pátio da sua casa também aparecem padres católicos, diz. "A igreja pede aos fiéis dinheiro de manhã, à tarde e à noite. Mas a igreja é rica. O que é que faz com o dinheiro? Até parece que Jesus é um réu e eles precisam de uma enorme fiança para ele. Ou se calhar tem dividas. Será que Jesus também quer que lhe levemos dinheiro?", questiona, explicando o êxito da própria religião.

Neste momento, porém, ninguém tem tempo para debates teológicos. A prioridade máxima é preparar o melhor possível a visita do Papa. E o coro de São Miguel quer cantar com perfeição quando Bento XVI chegar ao Benim.

Autora: Kathrin Gänsler (Benim)
Edição: Cristina Krippahl / Renate Krieger / António Rocha

Será a terceira visita de Bento XVI ao Benim, onde 1 em cada 4 cidadãos se diz católico
Será a terceira visita de Bento XVI ao Benim, onde um em cada quatro cidadãos se diz católicoFoto: dapd