Para quando o relançamento da produção de café em Angola?
19 de março de 2024Angola já foi um grande produtor de café. Mas nas últimas décadas, a produção caiu significativamente. Numa altura em que muito se fala na diversificação da economia nacional, o setor pretende retomar a produção em grande escala.
Na província do Bengo existem cerca de 300 cooperativas, mas atualmente apenas 50 produzem, pelo que pedem apoios.
Armando Bezerra produz café em 600 hectares de terra e pretende colher 15 toneladas por ano. Conta com 19 trabalhadores, mas entende ser difícil recuperar os níveis de produção da era colonial.
"Não poderá atingir a dimensão de 1973, mas pelo menos se trabalharmos juntos podemos aproximar a esta cifra, talvez em 70%", disse.
Apoio institucional para ampliar negócio
Os cafeicultores do Bengo querem ampliar a produção. A governadora províncial, Maria Nelumba, aponta quatros pilares fundamentais para se alcançar este objetivo: "Necessidade de apoio institucional, investigação, financiamento bancário e facilidade de escoamento."
No que toca ao apoio institucional, a governadora afirma que "é imperativo criar facilidades para que os potenciais investidores apostem na produção".
"Ter acesso às fazendas abandonadas e/ou cedência de terras por cultivar, e a criação de outros incentivos tendo em conta as condições propícias para a cultura do café na província", afirmou.
Angola já foi o terceiro maior exportador mundial de café, na década de 1970, quando chegou a produzir mais de 240 mil toneladas da cultura.
Exportação do negócio local para internacional
Numa altura em que o país prepara o seu primeiro laboratório de biotecnologia para o café, o ministro da Agricultura e Florestas, António de Assis, tem os olhos postos na exportação.
"O que nós precisamos de fazer é trabalhar para aumentar a produção e produtividade e, depois, por cima de nós, produtores, vão surgir outras tantas estruturas com responsabilidade para recolher, processar e dar os destinos nacionais, e internacionais que esta cultura merece", afirmou.
Face ao nível de consumo de café que se regista globalmente, o diretor da empresa Agrolider, José Macedo, entende que o seu cultivo pode contribuir para diminuir a dependência do petróleo.
"Prevejo muito bons dias para o café ao nível de Angola. Acho que é uma cultura fácil de produzir", disse.
De acordo com especialistas, com o envolvimento de todos, em oito anos Angola pode reconquistar espaço no mercado.