Parque Nacional da Gorongosa: uma história de sucesso
Depois de dizimado com a guerra civil moçambicana, muitos desistiram de recuperar a vida sevagem do parque. Mas uma fundação apostou na recuperação. O maior parque de vida selvagem do país é hoje exemplo de prosperidade.
Só, nunca mais
O Parque Nacional da Gorongosa tem uma história turbulenta. Até há uns anos, este leão poderia sentir-se solitário, mas entretanto a população de leões cresceu. Hoje o parque tem uma área de mais de 4.000 quilómetros quadrados, com uma zona tampão adicional de 3.300 quilómetros quadrados. Uma relíquia num país de 25 milhões de habitantes.
Paisagem de perder de vista
O parque está localizado no extremo sul do Grande Vale do Rift, que vai desde a Etiópia, Quénia e Tanzânia, antes de terminar em Moçambique. Esta característica geológica única cria um enorme vale cercado de planaltos. No geral, cerca de dois terços do vale são constituídos por savana, 20% são pastagens e o restante é área de floresta.
Memória de elefante
Embora parte da área do parque tenha sido reservada para zona privada de caça, em 1920, as autoridades coloniais portuguesas criaram o parque nacional até 1960. Depois da guerra de libertação, Moçambique tornou-se independente em 1975. Seguiu-se a guerra civil que terminou em 1992. Alguns elefantes mais velhos estão ainda traumatizados pelo conflito.
Dias sombrios do parque
Em 1977, dois anos depois da independência, Moçambique mergulhou numa violenta guerra civil. O parque foi duramente afetado. A Resistência Nacional Moçambicana instalou o seu comando central numa zona do parque. As duas partes em conflito dizimaram animais para alimentação e tráfico de marfim, para financiar a guerra. Em 1983, o parque foi encerrado e abandonado.
O regresso a casa
Depois da guerra civil ter terminado em 1992, o parque permaneceu fechado. Estima-se que entre 90% e 95% da vida selvagem do parque se tenha perdido. Dados daquela altura apontam para apenas 15 búfalos, 5 zebras, 6 leões, 100 hipopótamos e 300 elefantes. Os primeiros animais a regressar foram aves. Hoje, o parque alberga mais de 400 espécies.
Clima especial para circunstâncias especiais
Devido à sua topografia, o parque tem vários microclimas e um ciclo anual de estações húmidas e secas, o que contribui para a sua diversidade. Num esforço para revitalizar o parque, foram contratados novos funcionários, em 1994, com o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento e da União Europeia. Lentamente, o espaço estava a recuperar, mas às vezes a natureza precisa de uma mão amiga.
Esforços de todas as partes
Em 2004, a Fundação Carr, com sede nos Estados Unidos, aliou-se ao Governo de Moçambique num projeto para reconstruir o parque e reintroduzir animais. Um esforço para restaurar vida selvagem devastada. Este projeto piloto teve tanto sucesso que em 2008 a fundação e seu fundador, Gregory Carr, concordaram em continuar a recuperar o parque, acordando numa gestão conjunta por mais 20 anos.
Um verdadeiro final feliz
O Parque Nacional da Gorongosa passou por várias etapas: de reserva de caça privada, a parque nacional e campo de batalha antes de voltar a ser um parque nacional. Nos últimos anos, muitos milhões foram investidos no parque e nas comunidades locais. É a prova viva que a vida selvagem pode renascer das cinzas - com paciência, muita força de vontade e dinheiro.