Paulo Gomes quer "pagar dívida" à Guiné-Bissau com candidatura presidencial
24 de março de 2014Paulo Gomes é um dos 13 candidatos à Presidência da Guiné-Bissau. O economista guineense sublinha que a sua candidatura este ano é, antes de mais, "um dever". Afinal, a Guiné-Bissau é um país que lhe "deu tudo" – educação, experiência a nível nacional e a possibilidade de trabalhar a nível internacional.
"Sinto-me em dívida e quero, nesse momento difícil do meu país, pagar essa dívida", diz.
Paulo Gomes formou-se em economia no Instituto de Relações Internacionais (ILERI) de Paris e tirou um mestrado na universidade norte-americana de Harvard. Recentemente, fundou a Consultora Internacional Constelore e o Instituto Benten, um "think-tank" sobre o desenvolvimento na Guiné-Bissau.
A experiência internacional é um ponto forte na candidatura à Presidência guineense, afirma. "Toda a rede de relações institucionais e privadas que consegui armazenar ao longo dos anos coloca-me numa posição única de poder servir o meu país no quadro de uma magistratura de influência que pode, num quadro institucional claro, ajudar o primeiro-ministro a implementar o programa do Governo e tirar o país da situação em que está."
Paulo Gomes viveu fora da Guiné-Bissau durante quinze anos, tendo trabalhado para o Banco Mundial e para o Banco Africano de Desenvolvimento.
Reforma das Forças Armadas
Caso seja eleito Presidente da Guiné-Bissau no próximo dia 13 de Abril, Gomes promete uma reconciliação mais sólida para garantir estabilidade e justiça.
"Trata-se em alguns casos de criar um ambiente de perdão. E isso deverá ser feito na base de um processo de reconciliação, mais robusto do que até então", comenta. "Penso que a Justiça terá a oportunidade de fazer o seu trabalho nessa matéria e creio que não serei um Presidente que vai interferir nesta área."
Falando à DW África, o economista afirma que é o melhor candidato para apoiar o próximo primeiro-ministro a arquitetar uma reforma política com recursos financeiros, nomeadamente equipar as Forças Armadas, para que elas possam defender o país, respondendo a ameaças específicas. Paulo Gomes dá o exemplo da Marinha guineense: "A nossa Marinha não é equipada e isso é inconcebível para um país [junto ao] oceano."
"Sou um tecnocrata, reconheço"
Na mesma linha, Paulo Gomes diz querer restaurar a imagem de que a Guiné-Bissau já desfrutou no passado, para que seja um país protagonista na sub-região e com um papel fundamental na transformação de África em geral.
"Antes de 1998, tínhamos indicadores que eram melhores do que muitos outros países em África", refere o economista, que, entre 1995 e 1998, foi conselheiro do Ministério das Finanças, Planeamento e Comércio da Guiné-Bissau. "Tive uma experiência de um certo rigor em matéria de gestão dos fundos públicos e penso que isso foi reconhecido."
Paulo Gomes reconhece que é "um tecnocrata" e que nunca foi um político ativo. Mas, o guineense diz ter "a grande vantagem de conhecer bem a economia do país e de ter uma experiência nacional e estrangeira que é indispensável nesse momento para poder abrir portas e ser um promotor do país no estrangeiro", refere. "Porque, vamos ser francos, somos um país com poupança negativa. Então, nos próximos anos, os recursos para o nosso crescimento deverão vir essencialmente do estrangeiro, de ajuda multilateral e bilateral."
O economista foi um dos fundadores do Partido da Convergência Democrática (PCD) e convidaram-no três vezes a chefiar Governos na Guiné-Bissau, algo que nunca aceitou. Agora, Paulo Gomes concorre à Presidência da Guiné-Bissau.