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Países lusófonos africanos reforçam aposta no turismo

Vieira Teixeira, Cristiane11 de março de 2013

São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Moçambique e Angola mostraram na maior feira internacional de turismo do mundo, em Berlim, o que têm de melhor para oferecer ao turista e como pretendem investir ainda mais no setor.

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Terminou neste final de semana (09.03) aITB, a maior feira internacional de turismo do mundo. O evento que marca a capital alemã todos os anos, reuniu em 2013 em Berlim mais de 10 mil expositores na intenção de revelar as tendências do setor. Os países de língua portuguesa voltaram tiveram forte presença na exposição.

Este ano, os PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) apostaram na troca de experiências, diversificação dos roteiros e no fortalecimento do turismo como uma marca. O objetivo era garantir o crescimento do turismo em seus países, seja com safáris, turismo rural ou a cultura como foco no roteiro da viagem.

Os participantes africanos da ITB tentaram descobrir onde investir e como conquistar os viajantes estrangeiros.

A hospitalidade de Cabo Verde

O arquipélago de Cabo Verde que tem como principal oferta o turismo de sol e praia busca agora um diferencial entre os litorais tropicais do planeta, revela Nuno Martins, administrador executivo da Cabo Verde Investimentos.

"O nosso ponto forte e que tentamos mostrar [na feira] é o próprio povo cabo-verdiano, ou seja, a nossa capacidade receptiva e a hospitalidade", explica Martins, ao dizer que o calor humano em Cabo Verde é único no mundo.

Muitos turistas buscam uma experiência exclusiva. Desta forma, para não deixar espaço à concorrência, é preciso mais que investir na vocação. Faz-se necessário consolidar uma marca, acredita o administrador executivo. Cabo Verde está presente no turismo mundial há pelo menos três anos, defende ele. Na opinião de Martins, Cabo Verde já é uma marca para turismo.

Moçambique: a "África dos africanos"

Do outro lado do continente, banhado pelo oceano índico, Moçambique é famoso por oferecer uma combinação entre o turismo de sol e praia com o safári. Atualmente, aposta em uma outra vertente para ampliar ainda mais o leque de opções.

Marta Lucas, técnica de marketing do Instituto Nacional do Turismo de Moçambique, conta que os visitantes estão interessados mesmo em experimentar a África dos africanos: "Eles querem conhecer como é a vida e a gastronomia do moçambicano. Ficam no país aproximadamente duas semanas e vivem o dia-a-dia da comunidade junto dela. É isso que muitos turistas procuram."

Pensando neste novo nicho do mercado, o país está investindo em ofertas culturais, que incorporem a abordagem histórica. Para tal, identificou-se a vocação da região norte de Moçambique.

Segundo Marta Lucas, a Ilha de Moçambique é o berço da cultura moçambicana. Monumentos, tradição, cultura e atividades como a dança e a gastronomia enriquecem a região, motivo pelo qual ela é bastante apreciada pelos viajantes, defende a técnica de marketing.

O mercado ainda incipiente de São Tomé e Príncipe

Pela segunda vez, São Tomé e Príncipe participa da ITB. Em meio às estrelas do turismo internacional, o pequeno país africano do golfo da Guiné quer encontrar um lugar ao sol. À frente da Direção de Turismo e Hotelaria está José António Vera Cruz, que aterrissou na capital alemã com uma proposta de dar continuidade ao trabalho que ainda considera embrionário. Com os expositores das Ilhas Seychelles e Maurícias, por terem características semelhantes a São Tomé e Príncipe, é possível trocar experiências, explica.

Na bagagem, Vera Cruz quer levar de volta ao país de origem boas ideias para incrementar a oferta de São Tomé e Príncipe e conectar as ilhas ao mundo. A oportunidade ele encontrou no mercado de cruzeiros: "Poderemos tentar incrementar o artesanato, por exemplo. Para que haja mais consumo do produto são-tomense pelos turistas que vêm com os cruzeiros. Queremos que eles absorvam um pouco mais do folclore e desfrutem de tudo de bom e belo que existe no país", diz Vera Cruz.

Angola consolida a paz com turismo

A terra do petróleo quis mostrar ao mundo que o turismo pode ser o caminho para consolidar a paz. Pelo menos foi o que defendeu Paulino Domingos Baptista, secretário de Estado do ministério da Hotelaria e Turismo de Angola. "O turismo é a indústria da paz e a paz só chegou em Angola em 2002. Nós promovemos o nosso país para que seja conhecido no exterior."

Agora, o território enfrenta o desafio de descobrir como explorar seu potencial turístico e por onde começar os investimentos. "Selecionamos áreas de turismo náutico como Futungo e Mussulo. Para o ecoturismo, as quedas de Kalandula. Não esquecendo do turismo cultural e dos mais de 1.700 quilômetros de praia no país", explica Baptista.

Uma das grandes apostas de Angola na feira foi o projeto Kaza, uma área de conservação transfronteiriça do Kavango Zambeze. Trata-se de uma reserva natural formada por cinco países. Angola contribui com 87 mil quilômetros. A ideia ganhou destaque na ITB. Um dos doadores para o projeto é a Alemanha.

A expectativa deste país africano é ter no turismo uma alternativa para diversificar a economia e torná-la independente das receitas do petróleo.

Autora: Cristiane Vieira Teixeira (Berlim)
Edição: Bettina Riffel / Renate Krieger